Afinal, quem chamou a troika em 2011?

Quem accionou, formalmente, o empréstimo internacional foi, como teria de ser, o Governo em funções, do PS.

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O PSD, e Pedro Passos Coelho, solicitaram, oficialmente, e defenderam a vinda da troika Enric Vives-Rubio

A frase


O contexto
Pedro Passos Coelho negou a afirmação de Costa, rebatendo-a e devolvendo a responsabilidade ao PS: "Oh doutor António Costa, não leve a mal... Mistificação? O senhor sabe quem é que chamou a assistência para Portugal? Foi o ministro das Finanças do Governo socialista. Não venha inverter as coisas. Então foi a oposição que chamou a troika?"

Os factos
A troika, composta pelo FMI, BCE e Comissão Europeia, foi formalmente abordada, por carta, pelo Governo português a 6 de Abril de 2011. Nessa altura, o chefe do Executivo (demissionário) era José Sócrates, do PS. Mas o nome do homem que formalizou o pedido do empréstimo no valor de 78 mil milhões de euros não é suficiente para responder à pergunta inicial desta "prova dos factos".

Pedro Passos Coelho, e o PSD, na altura na oposição, tiveram um papel activo na convocação da troika. A 31 de Março de 2011, quando Sócrates ainda rejeitava o pedido de empréstimo, Passos Coelho assinou uma carta oficial do PSD, que escreveu com Miguel Macedo, e foi entregue pelos serviços de protocolo, defendendo o pedido de "resgate". Destinatários: Sócrates e Cavaco Silva. No dia seguinte, 1 de Abril, os mesmos destinatários receberam outra carta de teor idêntico, desta vez subscrita pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. No dia 2, Paulo Portas, líder do CDS, declarou à agência Lusa o seu apoio à ideia: "Não faço parte dos que diabolizam o FMI."

Dois dias depois, a 4, os principais banqueiros portugueses à época (Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira, Faria de Oliveira, Fernando Ulrich e Nuno Amado) reuniram-se com Carlos Costa, na sede do regulador, e, de seguida, dirigiram-se para o Ministério das Finanças, onde fizeram o mesmo pedido ao ministro Teixeira dos Santos.

Nos dias seguintes todos dirão, publicamente e em entrevistas coordenadas na TVI, que o resgate é necessário. No dia 5 os banqueiros reúnem-se com Passos Coelho. A 6 é a vez de Cavaco Silva os ouvir, em Belém. Em São Bento, Mário Soares, que tinha falado na véspera com Carlos Costa, também pediu a Sócrates que chamasse a troika. "Eu queria que ele pedisse o apoio e ele não queria. Discutimos brutalmente", revelou o ex-Presidente.

É nessa tarde, às 18h02, que o Jornal de Negócios publica declarações de Teixeira dos Santos que garantiam ser inevitável a vinda da troika. É só então, sentindo-se traído pelo seu ministro, com quem corta relações numa azeda conversa telefónica, que Sócrates anuncia ao país, às 20h38, que Portugal decidiu recorrer ao auxílio financeiro internacional.

No dia 11, Passos reafirmou a sua concordância na RTP: "O PSD já disse que apoiava o pedido de ajuda."

Em resumo
António Costa e Pedro Passos Coelho estão certos quando afirmam algo que parece contraditório. O PSD, e Pedro Passos Coelho, solicitaram, oficialmente, e defenderam a vinda da troika. Mas quem accionou, formalmente, o empréstimo internacional foi, como teria de ser, o Governo em funções, do PS.
 

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A frase


O contexto
Pedro Passos Coelho negou a afirmação de Costa, rebatendo-a e devolvendo a responsabilidade ao PS: "Oh doutor António Costa, não leve a mal... Mistificação? O senhor sabe quem é que chamou a assistência para Portugal? Foi o ministro das Finanças do Governo socialista. Não venha inverter as coisas. Então foi a oposição que chamou a troika?"

Os factos
A troika, composta pelo FMI, BCE e Comissão Europeia, foi formalmente abordada, por carta, pelo Governo português a 6 de Abril de 2011. Nessa altura, o chefe do Executivo (demissionário) era José Sócrates, do PS. Mas o nome do homem que formalizou o pedido do empréstimo no valor de 78 mil milhões de euros não é suficiente para responder à pergunta inicial desta "prova dos factos".

Pedro Passos Coelho, e o PSD, na altura na oposição, tiveram um papel activo na convocação da troika. A 31 de Março de 2011, quando Sócrates ainda rejeitava o pedido de empréstimo, Passos Coelho assinou uma carta oficial do PSD, que escreveu com Miguel Macedo, e foi entregue pelos serviços de protocolo, defendendo o pedido de "resgate". Destinatários: Sócrates e Cavaco Silva. No dia seguinte, 1 de Abril, os mesmos destinatários receberam outra carta de teor idêntico, desta vez subscrita pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. No dia 2, Paulo Portas, líder do CDS, declarou à agência Lusa o seu apoio à ideia: "Não faço parte dos que diabolizam o FMI."

Dois dias depois, a 4, os principais banqueiros portugueses à época (Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira, Faria de Oliveira, Fernando Ulrich e Nuno Amado) reuniram-se com Carlos Costa, na sede do regulador, e, de seguida, dirigiram-se para o Ministério das Finanças, onde fizeram o mesmo pedido ao ministro Teixeira dos Santos.

Nos dias seguintes todos dirão, publicamente e em entrevistas coordenadas na TVI, que o resgate é necessário. No dia 5 os banqueiros reúnem-se com Passos Coelho. A 6 é a vez de Cavaco Silva os ouvir, em Belém. Em São Bento, Mário Soares, que tinha falado na véspera com Carlos Costa, também pediu a Sócrates que chamasse a troika. "Eu queria que ele pedisse o apoio e ele não queria. Discutimos brutalmente", revelou o ex-Presidente.

É nessa tarde, às 18h02, que o Jornal de Negócios publica declarações de Teixeira dos Santos que garantiam ser inevitável a vinda da troika. É só então, sentindo-se traído pelo seu ministro, com quem corta relações numa azeda conversa telefónica, que Sócrates anuncia ao país, às 20h38, que Portugal decidiu recorrer ao auxílio financeiro internacional.

No dia 11, Passos reafirmou a sua concordância na RTP: "O PSD já disse que apoiava o pedido de ajuda."

Em resumo
António Costa e Pedro Passos Coelho estão certos quando afirmam algo que parece contraditório. O PSD, e Pedro Passos Coelho, solicitaram, oficialmente, e defenderam a vinda da troika. Mas quem accionou, formalmente, o empréstimo internacional foi, como teria de ser, o Governo em funções, do PS.
 

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