Os chalés são há muito uma marca turística da ruralidade irlandesa e o seu abandono remete para um estilo de vida há muito ultrapassado e recordado com nostalgia. A fotógrafa Jill Quigley decidiu intervir sobre estes chalés de forma alegre e colorida para provar-nos que o abandono não tem de ser algo triste. Inicialmente, quando pensou em fotografar estas casas abandonadas pensou que o resultado não passaria de "ruin porn" e por isso não lhe interessou, mas logo se apercebeu da enorme potencialidade na interacção com o espaço e decidiu avançar. Em entrevista ao P3, por email, Jill Quigley explicou que "a adição de cores vivas, movimento e luz de flash intensa tem o intuito de situar no presente os interiores vazios" e enfatizar a sua presença nos espaços. "O processo de intervenção subverte a leitura de um estilo de vida extinto e propõe uma tomada de vista positiva e divertida". As intervenções são "deliberadamente frívolas, uma vez que a intenção não é o de criar um significado específico, mas sim o de criar uma interacção disruptiva. O uso de adereços baratos de cores fortes, sprays e objectos brilhantes tem como intenção contrastar com os materiais decadentes e monótonos do interior das casas". Quando questionada sobre o perigo de invasão de propriedade privada, Jill respondeu de forma descontraída: "Não foi propriamente perigoso, apenas um pouco estranho a princípio. Às vezes tive de lidar com alguma vida selvagem - pássaros, morcegos, gatos. Geralmente faltam janelas ou portas por isso o acesso não é complicado. Se não existissem pedia ao dono para me deixar entrar, se vivesse perto. Todos eles foram prestáveis, embora achassem que o que estava a fazer era um pouco absurdo." O trabalho da irlandesa Jill Quigley já foi publicado na Lens Culture, Wired e British Journal of Photography; foi, em Abril de 2015, nomeada para a Graduate Award da Magnum Photos.Ana Maia