Quem sou eu? O futebol pode vencer o Alzheimer?

A campanha designada “Futebol vs. Alzheimer” recupera ídolos como Pelé e os resultados foram bastante promissores

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Revista Líbero

Começa pelas memórias mais recentes. Os locais deixam de ter o mesmo significado, o dia-a-dia é invadido por uma série de incertezas, sendo que as rotinas deixam de ter sentido. A relação com os outros torna-se aparentemente normal, como de estranhos se tratassem. Este é um dos paradigmas mais comuns e frequentes de uma das doenças mais preocupantes e inexplicáveis da atualidade, a doença de Alzheimer. Mais do que a perda da identidade individual, é o desaparecimento progressivo das funções cognitivas e uma incapacidade de reconhecer todas estas mudanças.

Como? Porquê? O que fazer? Como prevenir? Como tratar? Estas cinco perguntas estão ainda envoltas em mais dúvidas que certezas. O seu mecanismo parece estar associado à formação de depósitos proteicos específicos designados placas neuríticas ou senis. Estas resultam da formação e acumulação anormal de uma proteína, a proteína ß amiloide, tóxica para o organismo. Para além disto, pode ainda verificar-se a formação de tranças fibrilares devido a uma outra proteína, a proteína Tau.

Apesar de estas serem apontadas como principais causas da doença, existem ainda outras que se destacam, sendo que variam bastante de doente para doente. O fator comum a todas estas causas é que afetam a normal comunicação entre as células do cérebro. No entanto, o porquê, continua a ser uma das principais dúvidas. Os fatores que levam à predisposição à doença, bem como as razões que levam ao seu desenvolvimento são ainda bastante desconhecidas e alvo de diversos estudos.

Para além disto, deve-se ainda ter em conta a inexistência de uma cura para doença. Este continua a ser um dos principais problemas, sendo que os medicamentos apenas conseguem atuar em alguns dos sintomas da patologia, conseguindo na melhor das hipóteses retardar a sua evolução. Com base em todas estas dificuldades, a revista espanhola “Líbero” decidiu tentar fazer um pouco mais por estes doentes.

Desta forma, criou quatro edições especiais associadas ao futebol nos anos 40, 50, 60 e 70. O objetivo? Através de imagens e com a ajuda de quebra-cabeças tentar reavivar a memória dos pacientes com as jogadas, os golos e os jogadores mais marcantes destas eras. A campanha designada “Futebol vs. Alzheimer” recupera ídolos como Pelé e os resultados foram bastante promissores. A alegria dos pacientes ao conseguirem recordar-se das jogadas e golos é contagiante, prometendo ser um caso de estudo para a ciência.

A campanha foi no mínimo arrojada, sendo que os resultados obtidos, excederam largamente as expetativas previstas. A doença de Alzheimer é um dos maiores problemas e desafios da medicina e ciência moderna, sendo que é urgente a descoberta de soluções e tratamentos. No entanto, estas podem surgir das ideias mais inesperadas e bizarras, mas que acalentam esperanças para os pacientes e familiares, neste longo caminho de conservar as memórias e vivências.

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