Governo madeirense autoriza abate de pombo-trocaz para defender agricultores

Aves só podem ser abatidas pela Polícia Florestal e fora da floresta Laurissilva.

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Carlos Lopes

O Governo da Madeira autorizou nesta quarta-feira o abate de pombos-trocaz, desde que fora do seu habitat, por considerar que a população existente desta ave tem consequências nefastas para os agricultores, revela o Jornal Oficial da Região.

O abate é autorizado mediante alguns requisitos tais como ser encontrado fora do seu habitat natural - a floresta Laurissilva – e só pode ser feito por elementos do corpo de Polícia Florestal vigiados pelo Serviço do Parque Natural da Madeira (SPNM).

O presidente do SPNM, Paulo Oliveira, explicou à Lusa que a autorização concedida pela secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, "é uma medida concertada para a gestão da ave nos campos agrícolas", já que o pombo-trocaz costuma ser responsável pela "destruição de colheitas na agricultura de subsistência".

O responsável referiu que os mecanismos europeus de protecção da espécie permitem que se controle "a população para além dos métodos tradicionais", ou seja, com avisos sonoros, redes de exclusão e fitas holográficas.

"São medidas europeias que têm sido implementadas desde há alguns anos a esta parte" para conter uma população de pombos-trocaz que cada vez aumenta mais.

"O abate é sempre feito na presença de técnicos do SPNM que são também aqueles que fazem os censos", referiu, ressalvando que a espécie tem-se propagado para "toda a ilha".

De acordo com dados fornecidos pelo SPNM, existem, no habitat natural, cerca de 12 a 15 mil destas aves, sendo que o organismo "pretende este ano saber quantos são em toda a ilha da Madeira", devido ao aumento significativo da espécie.

A coordenadora regional da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Cátia Gouveia, alertou para "a necessidade dos abates serem apenas conduzidos em casos excepcionais", reconhecendo serem "são acções que não são tomadas de ânimo-leve".

Cátia Gouveia sugeriu que o SPNM procedesse a estudos para saber qual a melhor opção de abate e "qual o real prejuízo para o agricultor, bem como o nível de sucesso dos métodos não letais".

A licença concedida para o abate caduca em Maio de 2016.

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