Maioria no poder “nada tem a ver” com o PSD e CDS de 1975

“Ao fim de 41 anos temos finalmente um partido de direita em Portugal”, diz Freitas do Amaral ao olhar para as políticas públicas adoptadas pelo actual Governo na sequência do memorando da troika.

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Freitas do Amaral DR

Olhando para as políticas públicas aplicadas por este Governo na sequência do memorando de entendimento com a troika, Diogo Freitas do Amaral considera que “ao fim de 41 anos depois do 25 de Abril temos finalmente um partido de direita em Portugal que nada tem a ver nem com o PSD de Francisco Pinto Balsemão e Francisco Sá Carneiro nem como o CDS dos seus fundadores e imediatos sucessores [ou seja, ele próprio]”.

Ou seja, o fundador centrista não se revê naquilo que o seu partido se tornou no seio da coligação governamental que dirige o país desde 2011. “Estamos numa realidade completamente diferente”, vincou Freitas do Amaral durante uma intervenção no Fórum das Políticas Públicas que decorre em Lisboa, no ISCTE.

Uma análise das políticas públicas que foram aplicadas na sequência do memorando de 2011 “permitirá certamente concluir que a leitura que foi feita e a interpretação que foi dada ao memorando foi a de que era preciso ir mais além do memorando no sentido da liberalização e desestatização, enfim, no sentido preconizado pelo neo-liberalismo”.

Realçando a importância do estudo das políticas públicas, o fundador do CDS e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do PS disse ser proveitoso que se identifiquem as políticas públicas “adequadas para uma visão de centro direita e para uma visão de centro esquerda”. Este exercício permitiria concluir “cientificamente, sem entrar no domínio do debate político ou da negociação, quais são as áreas em que pode haver consenso interpartidário e quais são as áreas em que não pode haver”.

Porque, lembrou Freitas do Amaral, nos últimos anos ouvem-se apelos constantes ao consenso “mas ainda ninguém se deu ao trabalho de identificar as áreas em que é possível haver consenso e quais não é”.

Na mesma linha crítica, Artur Santos Silva considerou que houve “erros gritantes no caminho percorrido” desde 2011. O primeiro foi o “modelo económico que esteve por trás do memorando de entendimento”.

“Houve erros gritantes na receita [as políticas utilizadas] e a receita ignorou como ela se aplicava à realidade”, acrescentou. Além disso, “perdeu-se uma grande oportunidade de manter um diálogo permanente entre as forças que estavam no Governo e na oposição, assim como com os parceiros sociais”.

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