BE acusa Cavaco de querer “democracia tutelada”

Bloquistas e Os Verdes não poupam o Presidente da República na sessão solene do 25 de Abril.

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A sessão plenária das comemorações do 25 de Abril começou ao som de Grândola, Vila Morena Enric Vives-Rubio

“Na chantagem para uma maioria absoluta, qualquer que seja o veredicto popular, quer uma democracia condicionada”, afirmou o líder parlamentar bloquista Pedro Filipe Soares já depois de considerar que a “narrativa da inevitabilidade torna cinzenta a democracia”.

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“Na chantagem para uma maioria absoluta, qualquer que seja o veredicto popular, quer uma democracia condicionada”, afirmou o líder parlamentar bloquista Pedro Filipe Soares já depois de considerar que a “narrativa da inevitabilidade torna cinzenta a democracia”.

Sem nunca se referir ao Governo, o bloquista não deixou de visar a maioria através das críticas às políticas do Executivo liderado por Passos Coelho. Falou do “desemprego garantido” aos jovens, dos salários vistos como “um privilégio não um direito”, que tal como os cortes nas pensões, começaram “extraordinários” e passaram a “normais”. Lembrou o "aumento do risco da pobreza" que seguia a par do crescimento das fortunas, citou as "privatizações em barda" e o desespero na Saúde. Sobre o PS, Pedro Filipe Soares não se referiu. O líder dos socialistas está sentado na primeira fila dos convidados no plenário, mesmo em frente a Passos Coelho, na bancada do Governo. 

O Presidente da República assim como o PS também foram visados na intervenção de Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes. Depois de criticar as políticas do actual Governo, a deputada questionou as intenções de promover um entendimento entre os dois maiores partidos. “É justo que se peçam consensos à volta destas políticas negadoras de uma sociedade justa? É correcto pedir acordos para se servirem elites e sacrificar o povo? É tolerável pedir entendimentos para garantir uma subserviência à União Europeia e para idolatrar o Tratado Orçamental que é um massacre para Portugal? Não, não é justo nem correcto nem tolerável para o povo português", afirmou.

A deputada não poupou os socialistas. “É importante que se diga que a alternativa não se pode fazer igual só que a um ritmo diferente ou tirar um corte aqui para pôr outro corte acolá”, afirmou, referindo-se ao relatório macroeconómico do PS em que propõe repor cortes dos salários um ano mais cedo do que o Governo. Para Os Verdes “a alternativa passa por ser realista e fazer diferente, assumir que esta dívida é insustentável e impulsionar a sua renegociação”.

Pela voz da deputada Carla Cruz, o PCP também colou a actual maioria ao PS com o rótulo “política de direita”, mas poupou o Presidente da República. “Disputando entre si pequenas diferenças de ritmo e intensidade, a troica [SIC] interna dos executantes da política de direita confirmou nos últimos dias não ter para oferecer aos portugueses outra coisa que não seja a continuação da mesma política de exploração, empobrecimento e declínio nacional que priva o povo português do direito de decidir de forma soberana do seu futuro colectivo”, afirmou.

A sessão plenária das comemorações do 25 de Abril começou ao som de Grândola, Vila Morena, pelo grupo coral e etnográfico da Casa do Povo de Serpa.