Falciani, o controverso "jogador de póquer" do HSBC

Delator do banco viajou de carro até França com cinco DVD secretos.

Foto
Hervé Falciani entregou as listas de clientes do HSBC às autoridades francesas PHILIPPE WOJAZER/Reuters

Se há ponto assente em relação a Hervé Falciani, o homem que largou o rastilho da investigação ao HSBC, é que este informático franco-italiano de 42 anos está longe de ser uma figura consensual. Mas na imprensa internacional já ganhou uma comparação de peso, como o Edward Snowden da banca.

Falciani trabalhava no HSBC desde 2000. Do Mónaco foi para Genebra em 2006, para organizar a transferência de dados dos clientes do velho sistema informático para um novo sistema. A forma como o antigo trabalhador do HSBC conseguiu as listas confidenciais, que mais tarde entregaria às autoridades francesas, não é consensual.

No perfil que traçou dele, o jornal Le Monde ouviu colegas e a dúvida continuou no ar sobre como é que o informático conseguiu obter os dados informáticos. O próprio Falciani garantiu ao jornal ter roubado as informações, com a cumplicidade de alguém do banco. “Não estava autorizado a aceder às informações operacionais, mas trabalhava em todos os projectos sensíveis”. Palavra de Falciani.

O que leva o jornal francês a desfazer a imagem de herói do informático é a forma como o apresenta como uma figura manipuladora, um “jogador de póquer” que sabe mexer-se em terrenos movediços e levar a água ao seu moinho; por outro lado, o facto de ter alertado a associação de banqueiros valeu-lhe investigações pelas autoridades suíças em 2008, ano em que voara até ao Líbano com Georgina Mikhael alegadamente para vender a lista que tinha em sua posse. Georgina, diz a BBC, garante que os dois namoravam na altura, ele nega; ela diz que viajaram juntos para tentar ganhar dinheiro com as informações, ele nega. É também Georgina quem diz que Falciani usou um nome falso quando se encontraram com gestores de bancos libaneses.

O seu protagonismo chega quando em 2008 foge para França e entrega cinco DVD à autoridade tributária francesa em Nice, até onde viajara num automóvel alugado. Falciani chegou a estar detido em 2012 durante cinco meses e meio em Espanha. Ficou a salvo da extradição para a Suíça, mas não se livra das acusações do Ministério Público helvético por alegada espionagem económica e violação do segredo comercial e bancário.

Sugerir correcção
Comentar