É estranho? Não é

O Syriza esperneia e faz barulho, mas passará depressa.

O PS, ou, pelo menos, parte do PS, não se deixou levar pelo melodrama que Tsipras e Varoufakis decidiram representar para deleite do radicalismo e grande embaraço da “Europa”. Não ganharam nada com isso e voltaram para casa com declarações tonitruantes. Tsipras declarou que a Grécia não recebia “ordens” e Varoufakis que o nazismo puro e duro lhes podia muito bem suceder. Acabou assim o primeiro acto da peça. O segundo não vai ser tão fácil.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O PS, ou, pelo menos, parte do PS, não se deixou levar pelo melodrama que Tsipras e Varoufakis decidiram representar para deleite do radicalismo e grande embaraço da “Europa”. Não ganharam nada com isso e voltaram para casa com declarações tonitruantes. Tsipras declarou que a Grécia não recebia “ordens” e Varoufakis que o nazismo puro e duro lhes podia muito bem suceder. Acabou assim o primeiro acto da peça. O segundo não vai ser tão fácil.

Perante as fúrias mediterrânicas do Syriza, o ministro das Finanças da sra. Merkel, Wolfgang Schäuble, explicou com muita paciência que a vontade do eleitorado grego valia tanto como a de qualquer outro, nomeadamente o da Alemanha; e que as medidas do Syriza não iam na direcção certa. Até o sr. Draghi, para não alimentar fantasias, informou o inefável Varoufakis que o crédito fácil tinha definitivamente acabado. O que foi considerado um acto de “chantagem” pelas luminárias de Atenas. Quem assiste a este triste espectáculo, quase que não acredita. Então aqueles terríveis “revolucionários” não sabiam, nem mandaram perguntar, qual seria a atitude da Itália (onde Renzi, ironicamente, ofereceu uma gravata a Tsipras), ou da França, ou da Inglaterra e, sobretudo, da Alemanha? Não, não sabiam, e, se soubessem, não seriam quem são.

É isto estranho? Não é. Os fanáticos vêem o mundo por uma fresta e ganham pela demagogia e pela intimidação. Na história política contemporânea, há centenas de casos parecidos. Dos maiores, como Hitler, aos mais pequenos, como o PRD de Eanes. Hitler declarou guerra ao Império Britânico, à URSS e à América: toda a gente percebeu que o desastre era inevitável, mas só ao fim de 55 milhões de mortos, com os russos a 100 metros da porta, ele percebeu. Eanes imaginou que se criava um partido com meia dúzia de militares e dúzia e meia de tresmalhados ou desiludidos, sem uma tradição e uma função social evidente e durável, mas bastou Mário Soares dissolver a Assembleia para se ver o vácuo daquela traquitana. O Syriza esperneia e faz barulho, mas passará depressa.