Conferências de Lisboa querem ajudar a melhorar a imagem de Portugal, diz Luís Amado

Durante dois dias a Fundação Calouste Gulbenkian vai receber personalidades como Jorge Sampaio, Durão Barroso, Passos Coelho e Murade Murargy, para debater a cooperação, a sustentabilidade e o financiamento do desenvolvimento.

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Portugal e a Madeira estão perante "uma tempestade terrível", diz Luís Amado Enric Vives-Rubio

O ex-ministro socialista Luís Amado defende que Portugal precisa de se abrir ao exterior e atrair investimento, principal objectivo da primeira das Conferências de Lisboa, a cuja organização preside, e que decorre na quarta e quinta-feira na capital.

A conferência, promovida por oito entidades públicas e privadas, tem como tema o desenvolvimento global e conta com a participação de diversas personalidades, entre as quais o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, o ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o candidato socialista a primeiro-ministro, António Costa.

O evento decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, estando prevista a realização de encontros de dois em dois anos. "A imagem de Portugal tem estado muito abalada desde que Portugal foi obrigado a pedir assistência financeira e ficou sob os holofotes dos grandes observatórios do que se passa no Mundo e também do escrutínio dos mercados. Os acontecimentos dos últimos meses, em particular, degradaram ainda mais a imagem do país", considera o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros dos governos de José Sócrates.

Luís Amado defende que "é preciso projectar uma imagem diferente" e que Portugal tem de se "abrir ao exterior e de atrair novas correntes de investimento, de turismo e de imigração". "Todo o trabalho que possa ser feito para construir uma imagem de confiança é importante nesta fase muito crítica", sublinha o presidente da comissão de organização das Conferências de Lisboa.

Para esse esforço são convocadas "as forças e personalidades que têm condições para dar um contributo importante para o reforço das relações de Portugal com o Mundo", disse, acrescentando que o país "não pode desperdiçar esse capital de relacionamento" de portugueses que "têm tido um papel destacado na vida mundial em sectores variados".

Sobre a participação de personalidades dos diferentes quadrantes políticos nacionais, o antigo ministro refere que "o país não pode tentar promover a sua imagem de uma forma parcial ou até partidária".

Na sua projecção internacional, Portugal tem de utilizar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como "a plataforma que permite estabelecer uma relação de maior proximidade com as principais regiões emergentes do mundo". "É pela relação com esse espaço imenso da CPLP que Portugal pode reforçar a sua posição na globalização. A CPLP é demasiado importante do ponto de vista geoestratégico para não a valorizarmos", sustenta.

Sobre o tema que dominará os dois dias de debate, Amado afirma que "a crise da globalização dos últimos cinco, seis anos deixou marcas profundas nas políticas económicas e monetárias e todo o processo de reajustamento impõe uma reflexão adequada dos instrumentos da política de hoje". O mundo "vive um processo de rápida transformação e é preciso acompanhar as mudanças económicas, do sistema financeiro e geopolítico" e, neste contexto, Portugal tem de ter "uma agenda própria que proteja os seus interesses e que promova a sua influência".

As Conferências de Lisboa são uma iniciativa conjunta da Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Fundação Portugal-África, ISCTE, União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Sofid e Instituto Marquês de Valle Flor.

Em debate estarão a cooperação e a sustentabilidade e financiamento do desenvolvimento, participando professores universitários e representantes de organismos nacionais e internacionais, entre os quais os secretários de Estado da Cooperação e Negócios Estrangeiros, Luís Campos Ferreira, e das Finanças, Manuel Rodrigues, o secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, e o comissário europeu para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento, Neven Mimica.

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