Visionarium está na corda bamba

Associação Empresarial de Portugal, a proprietária pelo centro de ciência, tem vindo a falar com trabalhadores sobre o fim da relação contratual.

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O Visionarium – Centro de Ciência do Europarque, em Santa Maria da Feira, o primeiro centro de ciência construído de raiz no país, poderá ter os dias contados. O PÚBLICO sabe que a Associação Empresarial de Portugal (AEP) abordou os funcionários no sentido de cessarem os seus contratos de trabalho. Neste momento, há esforços para travar o encerramento do espaço que celebrou 16 anos de funcionamento em Setembro. A Câmara da Feira garante que estão a ser feitas diligências para encontrar alternativas para o espaço. O director do Visionarium, Tavares da Costa, não comenta o assunto.

Questionado com o eventual encerramento, a proposta de despedimento colectivo e alternativas para o equipamento, o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, numa resposta via email, refere que o futuro do Visionarium será decidido quando o processo de reestruturação da associação estiver na recta final e que, até lá, “permanecerá a funcionar com total normalidade”. Sobre a proposta de cessação dos contratos, nem uma palavra. Nunes de Almeida opta por recordar que, em 2012, a AEP celebrou um acordo extrajudicial de recuperação com os seus principais credores, entre os quais nove instituições bancárias, “condição essencial para o êxito da adesão ao Processo Especial de Recuperação, que viria a ser homologado no final do ano passado”. O responsável adianta ainda que estão reunidas as condições para que a reestruturação esteja concluída a “breve trecho”. “Só nessa fase última do processo e na posse de todos os indicadores de actividades dos diferentes centros operacionais e serviços, a AEP decidirá qual o futuro do Visionarium”, diz Nunes de Almeida.

O presidente da Câmara da Feira, Emídio Sousa, não acredita no encerramento do centro de ciência. “Não se pode abandonar este projecto educativo de excelência. O Visionarium não vai fechar, haverá necessidade de algum upgrade. Temos consciência de que o equipamento é viável e estamos em conversações com a AEP para manter o espaço”, revela. A autarquia feirense está, aliás, interessada em participar na gestão do Europarque que passou para as mãos do Estado quando a AEP deixou de cumprir os compromissos com a banca.

As infra-estruturas da AEP a sul do Douro têm vivido na incerteza. Em 2009, o então presidente da AEP, José António Barros, admitia publicamente que o Europarque era um “disparate”. “É um disparate. Foi e é um flop. Temos 14 anos de experiência para saber isso”, dizia num debate sobre o projecto de remodelação do Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Declarações que surgiam poucos meses depois da apresentação do projecto de expansão do Europarque, assente num conceito integrador que incluiria empresas de inovação e tecnologia, pelo próprio José António Barros. Projecto que entretanto viria a ser abandonado.  

Há cerca de um mês, o Visionarium celebrou 16 anos de actividade. Nessa altura, o director de conteúdos, Paulo Barros, revelava os projectos para o próximo ano. Na lista, estavam laboratórios itinerantes com experiências científicas para os cerca de 90 mil alunos dos 3.º e 4.º anos do 1.º Ciclo dos 86 municípios do norte do país, uma odisseia virtual no segundo piso e um espaço dentro de portas para desportos radicais. Até ao momento, o Visionarium recebeu 1,2 milhões de visitantes.

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