Frank Gehry mostra o dedo aos críticos e diz que a arquitectura de hoje é "pura merda"

O arquitecto está em Espanha, onde nesta sexta-feira vai receber o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes.

O gesto obsceno de Frank Gehry

Responder com um gesto obsceno e um sorriso na cara. Foi o que o arquitecto Frank Gehry, de 85 anos, que recebe esta sexta-feira em Espanha o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes, fez quando um jornalista espanhol lhe perguntou o que tinha ele a dizer àqueles que consideram que a sua arquitectura faz parte daquilo que se cataloga como “arquitectura do espectáculo”.

Alguns segundos depois, com a cara ainda fechada, o arquitecto respondeu ao jornalista sem palavras mas com o dedo médio em riste. Perturbação na sala. Burburinho e risos na plateia e pouco depois o arquitecto também se ri. Ouve-se então a moderadora da conferência de imprensa dizer: “Pergunta seguinte, por favor”. 

O episódio aconteceu nesta quinta-feira à tarde no Hotel Reconquista, em Oviedo, Espanha, e o momento foi gravado em vídeo e disponibilzado pelo El País. “Deixem-me dizer-vos uma coisa, no mundo em que vivemos 98 % do que se constrói e se desenha é pura merda. Não há sentido do desenho, nem respeito pela humanidade nem por nada. São edifícios malditos e já está. De vez em quando, há um pequeno grupo de pessoas que faz algo especial. São muito poucos. Mas, por Deus, deixem-nos em paz. Dedicamo-nos a fazer o nosso trabalho. Não peço trabalho. Não tenho relações públicas. Não estou à espera que me chamem. Trabalho com clientes que têm respeito pela arte da arquitectura. Por isso, não me façam perguntas estúpidas como essa”, acrescentou na conferência de imprensa o autor do Museu Guggenheim em Bilbau.

Durante a conferência de imprensa, refere o jornalista do El Mundo, ainda houve tempo para falar de algumas das suas obras, da sua arquitectura e de como há edifícios que por si só são capazes de marcar a diferença numa cidade. “Recordo-me que em Bilbau, as pessoas iam para ficarem doutores na universidade e se iam embora. Ninguém queria viver ali. Era uma cidade triste. A indústria do aço estava em declínio, o porto não tinha sentido, as pessoas estavam a perder os empregos...Foi um projecto modesto de 80 milhões de euros em 1997. Era muito pouco."

E falou também da sua mais recente obra, a Fundação Louis Vuitton em França, que espera que seja "um edifício vivo".

 


 


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