Danny, Ricardo Carvalho, Tiago ou Ricardo Quaresma voltam a ter abertas as portas da selecção portuguesa e os três primeiros podem já constar, esta sexta-feira, na pré-convocatória para jogadores que actuam no estrangeiro referente ao jogo particular com a França, que se irá disputar em Paris, no próximo dia 11 de Outubro. Na apresentação oficial como seleccionador nacional, Fernando Santos garantiu esta quarta-feira que não recebeu indicações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para excluir nenhum dos elementos que deixaram de contar para o seu antecessor Paulo Bento.

“Todos os jogadores são passíveis de ser convocados e não há ninguém, quer em Portugal quer no estrangeiro, que esteja, neste momento, impedido de ser chamado”, esclareceu o técnico português na sede da FPF, em Lisboa. Instantes antes, Fernando Gomes, presidente do organismo máximo do futebol nacional, minimizou os efeitos da suspensão por oito jogos imposta ao treinador, em consequência da sua expulsão na partida dos oitavos-de-final do Mundial do Brasil, entre a Grécia e a Costa Rica.

Uma penalização pesada que foi esta quarta-feira reafirmada pelo Comité de Apelo da FIFA. Fernando Santos terá ainda a hipótese de recorrer para o Supremo Tribunal do Desporto de Lausane (TAS), que poderá ter efeitos suspensivos na punição que foi aplicada ao ex-seleccionador da Grécia. Caso seja confirmado o castigo nos actuais moldes, ficará fora do banco português durante toda a fase de qualificação para o Euro 2016 (nas sete partidas que faltam disputar) e ainda da primeira partida da fase final da competição, que será disputada em França, caso a equipa nacional venha a apurar-se. Um cenário que o técnico procurou também desdramatizar.

“Não vou dizer que é uma situação normal, que não é, mas temos armas suficientes para combater isso de uma forma positiva e que não irá influenciar o desempenho da equipa”, afiançou Fernando Santos. Uma dessas “armas” passou pela nomeação Ilídio Vale para o cargo de “treinador da selecção A”. Será o até agora coordenador técnico da formação da FPF a ocupar o lugar no banco de Portugal, já a partir da próxima partida oficial com a Dinamarca, no próximo dia 14 de Outubro, em Copenhaga, que Fernando Santos irá acompanhar da bancada.

“Tenho total confiança em Ilídio Vale e ele terá liberdade para tomar as suas decisões em alguns jogos”, explicou Fernando Santos, relembrando que trabalhou com o ex-seleccionador de sub-20 (vice-campeão mundial em 2011) durante a sua passagem pelo FC Porto, entre 1998 e 2001. No mesmo período, Fernando Gomes ocupava um lugar na administração da SAD (Sociedade Anónima Desportiva) dos “dragões”.

Cadeira de sonho

No clube portista o presidente da FPF teve oportunidade de privar com Fernando Santos e acompanhar de perto os seus métodos de trabalho, que valeram a conquista de um inédito pentacampeonato (1998-99). “Chegaste ao lugar que sempre desejaste”, comentou Fernando Gomes esta quarta-feira, dirigindo-se ao novo seleccionador num registo mais pessoal: “E tenho uma honra especial que tenha sido pela mão da direcção que presido.”

O dirigente aproveitou ainda para esclarecer que a decisão de encerrar o ciclo de Paulo Bento na selecção foi “unânime” na direcção da FPF. “O presidente e a restante direcção concluíram que tinha chegado a hora de mudar”, garantiu, revelando que o ex-seleccionador lhe confessou directamente, durante uma conversa entre os dois, “que não sentia as condições ideais para dar a volta a uma situação adversa nos resultados da selecção”. Considerando ser fundamental uma “confiança inabalável” para que a selecção alcance os seus objectivos, Fernando Gomes e a restante direcção federativa optaram por rescindir o contrato com Paulo Bento.

Esta “confiança inabalável” foi reencontrada agora com Fernando Santos. “Estaremos em França em 2016”, prometeu o ex-treinador da Grécia, que irá ocupar o topo da estrutura do futebol federativo, como líder do gabinete coordenador técnico nacional, tal como acontecia com o seu antecessor.

O técnico prometeu ainda que será sensível á aposta na formação, mas rejeita promover uma “revolução” na equipa nacional: “Não gosto da palavra renovação, pois parece que os velhos vão para o lixo e os novos vão tomar conta disto. Vamos estar muito atentos ao percurso da formação.”