Precisamos de super-heróis?

Se há coisa que me intriga é a forma como os Americanos conseguem puxar a si o que de melhor e de pior existe no mundo. Prova disso é a ficção científica americana. Terão benefícios fiscais? Vistos “Gold”?

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kostasdan95/Flickr

Talvez sejam as oportunidades de emprego: todos os vilões, catástrofes, aliens e meteoritos escolhem, por alguma macaca razão, aquele continente para iniciar a exterminação da humanidade.

E se os ditos cujos tivessem nascido por cá? Ou por cá passassem, na esperança de limpar o nosso Portugal dos crimes e cataclismos a que está sujeito? Posto isto, e num ridículo mas prazeroso exercício de imaginação, coloquei alguns dos mais badalados personagens dos quadradinhos a passar pelo nosso país. Estas foram algumas das conclusões:

Na ausência de um assinalável volume de crime, e de prédios altos, o Homem-Aranha ver-se-ia limitado a passear por meia dúzia de ruas da capital e da Invicta. Dadas as circunstâncias, iria baloiçar-se para os Clérigos e o mais provável é que o confundissem com o corcunda de Notre Dame.

O Batman, nos seus acessos de perseguição obsessivo-compulsiva, entraria pelo Casino do Estoril adentro para encontrar todos os Jokers que pudessem existir. Ou andaria louco atrás da carrinha da Family Frost, salivando que nem um perdigueiro ao ouvir aquela característica harmonia, não fosse ela conduzida pelo arqui-inimigo Sr. Pinguim. Ou andaria pelas noites de Quizz da capital na esperança de encontrar o (de sanidade) questionável Riddler. E estes foram os de quem me lembrei.

O Cyclops ingressaria numa carreira publicitária, figurando em anúncios baratos de óculos de sol ao lado da tão nossa Diana Chaves. Que tem um olhar igualmente fulminante.

O maior desafio para o Homem de Ferro seria consertar algumas antenas de telecomunicações no interior. Fora isso, trocaria o fato inteligente por um fato mais elegante. Assentaria arraiais num resort, algures em Vale de Lobo, para mandar umas belas tacadas. Isto em todos os sentidos, literais ou figurados.

Wolverine, de farta pilosidade, faria concorrência ao Zé Zé Camarinha nas praias algarvias oferecendo, no entanto, um serviço de valor acrescentado: aplicação creme com depilação a lâmina de adamantium. Muito suave, segundo dizem.

Quem já veio atrasada foi a Storm, porque já não existem meninas da meteorologia na TV. No entanto seria muito útil nas ilhas, mantendo um céu aberto minimamente constante, já que os coitados levam com as quatro estações no espaço de 24h.

O Charles Xavier, Professor X para os amigos, iria conhecer as instalações do Centro de Reabilitação de Alcoitão.

Para tratar dos seus complexos, Elektra contrataria um psicólogo. Quiçá o Dr. Quintino Aires que, à sua maneira, é para muitos portugueses também um herói.

O Hulk, ou melhor, o pobre Dr. Banner, passaria uma temporada nas termas de S. Pedro do Sul, para acalmar os nervos e tratar daquele seu lado mais temperamental.

A rainha azul da metamorfose, Mystique, apaixonar-se-ia pelo Luís Franco-Bastos na hora que lhe pusesse os olhos em cima. Ou os ouvidos. Teriam filhos azuis claros e carecas, que se transformariam tanto num mini Marcelo Rebelo de Sousa como numa imberbe Manuela Ferreira Leite.

E o Capitão América... permaneceria na América. É demasiado patriota para abandonar a sua nação.

Não, acho que não precisamos de heróis. Só precisamos de humanos com o poder da honestidade e do trabalho, a fazer os que lhes compete.

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