Israel mobiliza 40 mil reservistas e põe hipótese de operação terrestre em Gaza

Rocket disparado de Gaza fez soar alarmes em Telavive antes de ser interceptado por sistema de defesa. Hipótese de ofensiva terrestre ganha terreno.

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Palestinianos em Gaza examinam os estragos do bombardeamento israelita MAHMUD HAMS/AFP
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Casa atingida por bombardeamento israelita Mohammed Salem/Reuters
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Fumo em Gaza, após um raide israelita REUTERS/Ahmed Zakot
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Soldados israelitas Baz Ratner/Reuters

Chegou a altura de tirar as luvas na luta contra o Hamas, disse o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, numa altura em que o Exército começou a chamar 40 mil reservistas e quando comentadores militares apontam para a possibilidade de uma operação terrestre no território palestiniano. Do lado de Faixa de Gaza, combatentes palestinianos lançaram um rocket contra Telavive, que apesar de ter sido interceptado pelo sistema de defesa, fez parar a metrópole com sirenes a tocar e voos civis a serem desviados.

Os últimos dias foram de escalada. Combatentes palestinianos de Gaza dispararam dezenas de rockets (130 desde segunda-feira à noite, segundo o Exército israelita), que ou eram destruídos pelo sistema de defesa anti-rocket de Israel ou caíam em zonas onde não faziam estragos ou vítimas, obrigando ainda assim uma parte da população a manter-se em abrigos. Escolas e campos de férias foram encerrados.

Ainda antes do disparo do rocket contra Telavive, o exército mandou abrir abrigos anti-bomba nas escolas da cidade, inspeccionar os abrigos públicos para abrir os que estão funcionais, e instruiu os residentes para se prepararem para usar os abrigos das suas casas. Em 2012, um rocket palestiniano de Gaza atingiu Telavive, a cerca de 50 quilómetros de Gaza, fazendo soar pela primeira vez desde a Guerra do Golfo de 1991 as sirenes de alarme antiaéreo, mas foi também interceptado pelo sistema de defesa.

Em Gaza, a aviação e marinha israelitas bombardearam 50 alvos provocando pelo menos 16 mortos e dezenas de feridos. Israel diz que a maioria dos mortos foram vítimas da explosão acidental de material do Hamas num túnel entre Gaza e o Egipto.

Netanyahu pediu aos militares, segundo fontes citadas na imprensa israelita, uma “campanha continuada, metódica, vigorosa” contra o movimento islamista. Depois de ter tido luz verde para a mobilização de 40 mil reservistas, o exército começou a chamá-los.

Os militares dizem que passaram de estar focado de um modo de “diminuição da escalada” para se preparar para uma deterioração da situação. Um porta-voz militar, o tenente-coronel Peter Lerner, dizia que “esta é uma situação insustentável”. “Não estamos dispostos a simplesmente deixar andar, temos de operar para proteger os civis”, acrescentou. “Eles [o Hamas] escolheram a direcção da escalada. Por isso a missão irá durar tanto quanto for necessário. Não esperamos que seja curta.”

Em 2012, Israel tinha também ameaçado uma invasão terreste da Faixa de Gaza, que acabou interrompida para dar lugar a negociações de paz. A última operação terrestre em Gaza ocorreu em 2008-2009, com mais de mil mortos palestinianos e 13 israelitas.

“Estamos a entrar numa longa operação”, disse fonte militar sob anonimato. “Estamos apenas no início, é preciso paciência. Estamos a preparar-nos para passos adicionais e uma expansão gradual”, e entre as hipóteses poderá estar uma operação terrestre. Horas antes, vários responsáveis diziam, também sob anonimato, não acreditar que uma operação terrestre fosse acontecer tão cedo.

Israel “deve parar imediatamente a sua escalada e os raides sobre Gaza”, disse o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, recentemente criticado por Israel pelo acordo com o Hamas para um executivo de unidade, após anos de discórdia e competição da Fatah, no poder na Cisjordânia, e do Hamas, em Gaza. Dizendo que com esse acordo Abbas estava a associar-se com terroristas, Israel retirou-se de umas já moribundas negociações de paz iniciadas após uma iniciativa do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.  O executivo palestiniano pediu à ONU que desse protecção aos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia.

A recente escalada acontece depois do assassínio de três adolescentes israelitas na Cisjordânia, que foram raptados e assassinados. O exército levou então a cabo uma grande acção contra o Hamas, que considerou responsável pela acção, na Cisjordânia, a maior operação naquele território dos últimos anos, detendo centenas de membros do Hamas.

No dia do funeral dos israelitas, na semana passada, um palestiniano foi assassinado, aparentemente queimado vivo, o que exacerbou ainda mais a tensão crescente. Israel deteve seis suspeitos de terem sido autores do crime. Vários são menores, e três confessaram já o crime

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