António Costa promete Cultura com ministério próprio num futuro Governo

Candidato à liderança do PS promete fazer no país como fez em Lisboa: negociar com todos. Costa recebeu apoio de personalidades da cultura no Mercado da Ribeira, em Lisboa. O empresário Luis Montez, o actor Nicolau Breyner e a artista Joana Vasconcelos foram algumas das presenças.

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António Costa, primeiro-ministro Nuno Ferreira Santos

A cultura merece – e terá - um ministério próprio num eventual Governo de António Costa. Um executivo em que o actual autarca promete fazer como fez em Lisboa: dialogar com os outros partidos, movimentos e associações políticas e cidadãos empenhados.

As duas promessas foram deixadas ao fim da tarde desta segunda-feira num encontro em Lisboa, no Mercado da Ribeira, que reuniu músicos, escultores, arquitectos, escritores, entre cerca de duas centenas de personalidades do mundo da cultura.

Mas mais do que um ministério – que fora reclamado nas intervenções de Delfim Sardo e de Tiago Rodrigues -, a cultura precisa de uma nova visão sobre a sua “função central” no futuro do país, defendeu António Costa.

No Mercado da Ribeira, em Lisboa, havia, como Costa descreveu, “pessoas que são do PS, pessoas que não têm sido do PS e outras que não são do PS”. Mas a sua presença ali, numa acção de apoio à sua candidatura a liderança do partido, mostra que esta corrida entre os dois Antónios “não é uma questão interna do PS; é uma questão do país e para o país”.

Por isso, os olhos do actual presidente da Câmara de Lisboa estão postos, não só no dia 28 de Setembro, mas no calendário do próximo ano. "Temos uma caminhada longa até às próximas eleições legislativas. De facto, não está apenas em causa uma escolha do PS, mas também uma escolha do país e a preparação de um novo ciclo de governação”, avisou António Costa. Que pediu depois aos presentes para “multiplicarem o apoio por muitos e muitos apoios para 28 de Setembro” e para a caminhada para uma nova maioria de Governo.

"Quando digo que o país precisa de uma frente muito mais ampla do que teve no passado, digo-o com sinceridade. Foi assim que fiz em Lisboa e é assim que quero fazer no país. E isto não passa só por um diálogo entre partidos, que é importante. Mas para além dos partidos há movimentos, há associações políticas e há sobretudo cidadãos empenhados, preocupados e determinados a contribuir para a mudança do país", descreveu António Costa, rematando "contar com todos".

Perante o mundo da cultura, fazia sentido que a maior parte do seu discurso de 13 minutos fosse dedicado a esse sector. “A cultura tem que ter uma posição central [na sociedade], mas não basta dizer que precisa de um ministério. Sim, precisa. Mas precisa de mais do que um ministério: precisa de uma visão sobre qual a centralidade que tem no futuro do nosso país.”

António Costa defendeu que a cultura é uma “condição” da democracia, uma questão de “valores” mas também de economia. “Só cidadãos informados, exigentes e cultos” podem exercer uma cidadania “activa e inteligente”. Investir na cultura e no conhecimento é a base para o desenvolvimento, disse o socialista, defendendo que, ao invés de o Estado ter uma “política de gosto” – pelo fado, ópera, arquitectura, escrita –, deve ter uma política que “assente no fomento da cultura”, que inclua a valorização da língua portuguesa.

Genro de Cavaco apoia Costa mas não vota nas primárias
Entre os presentes havia personalidades da música, teatro, arquitectura, literatura, artes plásticas. Alguns, perante microfones desligados, diziam estar ali apenas pela questão da cultura e não terem qualquer intuito de votar nas primárias do PS ou sequer ter interesse pelas questões políticas. Outros admitiam levar o apoio até às primárias, como a artista plástica Joana Vasconcelos ou Rui Vieira Nery, um dos primeiros signatários da petição de apoio a António Costa que corre na internet – mas à qual o candidato nem se referiu.

Já Luís Montez, empresário, organizador de eventos musicais e genro do Presidente da República, ficou-se pela presença no evento e pela subscrição da petição, mas não irá votar nas primárias. Aos jornalistas recusou comentários sobre ligações familiares e preferências políticas. “Estou aqui como cidadão”, afirmou, acrescentando: “Não me inscrevo em nenhum partido, não sou partidário. Sou por pessoas que têm valores e que acreditam que a cultura faz a diferença.”

Montez diz que António Costa, “pela carreira que tem, pelo que tem feito na camara de lisboa, dá garantias de que é uma boa pessoa para mobilizar o país, para levar o barco para a frente”. Mais: o autarca lisboeta é mesmo um “político da Champions League, não é da distrital, é um político com muita capacidade, ao nível do que de melhor há na Europa. Temos homem para tomar conta disto”. Sobre António José Seguro diz não o conhecer “o suficiente”.

 

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