Todos vestem a camisola da selecção, mas as mulheres sentem mais orgulho

Estudo do Instituto para o Desenvolvimento de Gestão Empresarial (Indeg) do ISCTE analisou as percepções ligadas à equipa de Portugal.

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As mulheres são mais orgulhosas do que os homens em relação à selecção Fernando Veludo/NFactos

Há dez anos, na altura do Euro 2004, todas as varandas e janelas se pintaram de duas cores: verde e vermelho. Agora, numa altura em que o Mundial já está nas nossas conversas, ainda poucas janelas têm bandeiras, mas o “orgulho”, a “união” e as “emoções” pela selecção portuguesa permanecem, conclui um estudo apresentado nesta quarta-feira.

Com ou sem Cristiano Ronaldo, o estudo – baseado em 30 entrevistas e 802 questionários, feitos entre 4 e 8 de Junho (a margem de erro é de 3,46%) – revela que as associações feitas à equipa das “quinas” são geralmente positivas e muito fortes. Realizado no âmbito da pós-graduação em Gestão e Marketing do Desporto, no Instituto para o Desenvolvimento de Gestão Empresarial (Indeg) do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, o trabalho procurou conhecer melhor as percepções ligadas à selecção.

De entre nove valores apresentados, numa escala de 1 a 10, o “orgulho” está associado à selecção, destacando-se com 8,5 valores, seguindo-se o “elo de união” e a possibilidade de suscitar “grandes emoções”, ambas com 8,4. Já a “alegria” dada pela selecção é aquela que regista a classificação mais baixa (7,4).

Mas separando homens e mulheres, são elas que marcam mais neste campo, revelando posições mais fortes do que os homens na questão das associações. Contudo, eles sentem mais “paixão” pela equipa nacional do que as mulheres.

Pedro Dionísio, coordenador da pós-graduação em Gestão e Marketing do Desporto e envolvido no estudo, diz ao PÚBLICO que este resultado das mulheres não o surpreende. “Tenho acompanhado os jogos, ido aos estádios e vejo que as mulheres, nesta altura, tipicamente são mais emocionais e mais envolvidas. Portanto, para elas este período é muito marcante.”

O estudo, que abrangeu Portugal continental e as ilhas, demonstra que de região para região as opiniões não são muito divergentes, mas, se se tiver em conta o nível de escolaridade dos inquiridos, então já há diferenças. Neste caso, as associações positivas feitas à selecção são mais elevadas, quanto menor for o nível de escolaridade.

“O país não é todo igual. Há muitas pessoas que, nestes momentos de grandes competições, vestem a camisola”, refere Pedro Dionísio. “O que mais me surpreendeu foram as associações todas muito positivas com a selecção, independentemente do género e do nível de instrução dos portugueses. Há aqui um pano de fundo geral de grande positividade.”

Já no que diz respeito ao futuro desempenho no Mundial 2014, as expectativas são elevadas: 57% esperam que Portugal alcance as meias-finais, 39% acreditam que terá presença na final e apenas 11% vêem a selecção como a vencedora. “Na minha opinião, esta é uma avaliação bastante elevada, já que 39% consideram que é possível chegar à final.”

Além disso, quem viu menos jogos na fase de classificação para o Mundial tem agora as expectativas mais elevadas para o desempenho da selecção.

Também as diferenças entre homens e mulheres quanto às expectativas foram estudadas. Mais uma vez, elas são as mais optimistas: 14% acreditam que Portugal vencerá a competição, enquanto apenas 8% dos homens esperam a vitória.

“Há um ponto importante: é que a selecção seja uma fonte inspiradora para outras situações”, remata Pedro Dionísio. “Seria interessante que os portugueses não só se entusiasmassem com esta campanha, mas com outras que têm na sua própria actividade pessoal e profissional. Era interessante haver esta passagem de testemunho e de associações positivas para outras áreas, para termos um maior envolvimento na nossa vida.”

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