Céu de crochet dá cor a Setúbal

Centenas de novelos de lã levaram o azul do mar de Setúbal e o verde da serra da Arrábida ao centro histórico sadino.

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A iniciativa pretende chamar mais pessoas à Baixa sadina DR

A partir desta sexta-feira e até Outubro, a rua Dra. Paula Borba, em Setúbal, ganhará uma nova vida feita através de agulhas, graças à perícia e imaginação dos comerciantes e população local, numa iniciativa integrada no projecto Setúbal Mais Bonita.

Setúbal é reconhecido pelas praias e pela serra da Arrábida e foram estes dois motivos que inspiraram a população na nova decoração da rua sadina, que para além de um "tecto" feito de crochet, ganhou dois pórticos, um em cada entrada da rua, um com alusão ao mar e aos elementos que o compõem e outro a lembrar a serra e a vegetação que lhe dá cor. 

A ideia surgiu em Setembro do ano passado quando os proprietários da loja Due Colori cobriram as varandas do espaço com crochet, de forma a captar a atenção dos consumidores. Na altura, de acordo com Fernanda Marques, uma das organizadoras da acção, “um grupo de artistas plásticos, ao verem o efeito das varandas, propuseram cobrir a rua toda de crochet.”

De forma a tornar este sonho possível contaram, segundo Fernanda Marques, com a “colaboração de lojistas, artistas plásticos, instituições de solidariedade social e da Câmara Municipal de Setúbal”. Para a organizadora, a colaboração do município foi “essencial” para a concretização da ideia, nomeadamente na montagem da estrutura de arame que forma o "tecto" da rua que suporta o crochet. “Nós não tínhamos capacidade para isso”, sublinhou Fernanda Marques.

A iniciativa, que tem vindo a ser preparada desde Fevereiro, pretende, de acordo com a responsável, “chamar mais pessoas à baixa setubalense” e demonstrar que são um “centro comercial a céu aberto”. Fernanda Marques salientou ainda que espera que este “seja o primeiro de muitos outros eventos do género” e que nas próximas edições “mais ruas sadinas” se deixem contagiar por esta arte.

A acção que preencheu a rua de crochet foi integrada no evento camarário Setúbal Mais Bonita, que começou esta sexta-feira e termina domingo. O movimento anual, que existe desde 2011, tem este ano, de acordo com Susana Ullrish, responsável camarária pela iniciativa, “um enfoque especial no centro histórico”, de forma a “chamar mais pessoas à baixa setubalense e mostrá-la reabilitada e mais bonita”.

A representante do município explicou que este é “um projecto baseado no voluntariado e no mecenato e visa melhorar a imagem urbana do concelho”. Desde 2011, de acordo com Susana Ullrish, já foram realizadas diversas intervenções, nomeadamente “pintados muros que estavam degradados ou grafitados”, plantado “um bosque centenário, no ano das comemorações dos 100 anos da república portuguesa” e “dezenas de colectividades e associações melhoraram o aspecto das suas sedes”. 

Nos últimos dois anos, a iniciativa foi também alargada a bairros sociais, particularmente aos Bairros da Bela Vista e das Manteigadas e durante este fim-de-semana mais 12 prédios serão requalificados. “Conseguimos que os moradores participassem na iniciativa, nós facultamos os materiais e eles pintaram e reabilitaram os prédios”, explicou Susana Ullrish. 

Neste projecto de cidadania activa, os materiais utilizados são facultados por mecenas, no entanto também são feitas parcerias com diferentes entidades, este ano com a marca de tinta Barbot, que facultou, de acordo com a representante do município “tintas a preços especiais”. Já o trabalho de campo é feito unicamente por voluntários, em média 7000 pessoas associam-se anualmente a este movimento. Para Susana Ullrish, é “fácil” captar a população para esta iniciativa, porque “todas as pessoas gostam de abrir a janela de manhã e ver uma cidade limpa e cuidada”.

De acordo com coordenadora do projecto, graças à participação popular e o apoio dos mecenas, o “orçamento da câmara para o movimento Setúbal Mais Bonita tem sido praticamente zero”. “Se o município tivesse adjudicado essas obras a empresas, teríamos gasto cerca de três ou quatro milhões nas requalificações”, acentuou Susana Ullrish.

Texto editado por Ana Fernandes
 

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