Fui a Londres mas preferia ter ido ao Jamor!

Será que o seleccionador nacional Frederico Sousa apresenta competências para o cargo que desempenha?

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António Simões dos Santos

O torneio de Londres encerra o Circuito Mundial de Sevens. Nos últimos anos tenho tido o privilégio de assistir a grandes exibições de Portugal, num dos palcos mais mediáticos do râguebi. Portugal levantava as bancadas com grandes placagens, ensaios espectaculares, demonstrando sempre uma atitude de entrega total ao jogo, lutando até ao limite das suas forças. Sentia que olhávamos para cima, para sermos ainda melhores. Éramos respeitados pelos nossos adversários e elogiados pelo público.

Esta edição deixou-me "muito triste" e apreensivo. Nos últimos torneios sentia-se que algo não estava bem mas pensei que podia ser diferente em Londres, já que Portugal ia garantir a sua presença no Circuito Mundial do próximo ano. Mas em Londres foi angustiante. Equipa sem sistema de jogo, descaracterizada dos seus melhores protagonistas, desprovida da vontade e da garra que caracterizava os Lobos, tendo perdido todos os jogos e superado os recordes negativos do circuito. Apesar do esforço demonstrado pelos jogadores e pelo treinador nada correu bem.

Entretanto, no Jamor, decorria o Campeonato da Europa de Sevens no escalão Sub-19 onde os nossos jovens apenas perderam um jogo na meia-final com a França, vencedora e já detentora do título do ano passado. Uma dúzia de jogadores que em apenas quatro semanas, sob a orientação criteriosa do Luís Pissarra, conseguiu excelentes resultados, atingindo o 3.º lugar. Estes resultados merecem da minha parte a seguinte reflexão: Será que o seleccionador nacional Frederico Sousa apresenta competências para o cargo que desempenha?

Os resultados das selecções nacionais seniores de XV e de VII apontam para o contrário. Começou por aceitar o desafio enorme da qualificação para o Mundial de 2015. O presidente da FPR deu-lhe todas as condições para organizar a sua equipa técnica e nove jogos de preparação. Nunca os resultados foram tão maus. Apenas duas vitórias em 15 jogos. Não só não conseguimos o apuramento como corremos o risco de descer ao Grupo 1B.

Nos Sevens tínhamos uma herança de sucesso - oito vezes campeões europeus e boas prestações no circuito mundial. Nesta época, a muito custo e com muitos riscos, conseguimos ficar no “Core Team”, mas demonstrando muitas fragilidades.

Mas o pior ainda estava para vir com as recentes declarações de jogadores que não estão disponíveis para representar Portugal com esta equipa técnica. Muitas “situações estranhas” aconteceram sendo directamente responsável por elas o seleccionador nacional. O que já se havia verificado no XV com uma declarada falta de respeito aos jogadores luso-descendentes chegou agora aos VII numa debandada de jogadores influentes.

Felizmente temos nos escalões mais jovens a esperança que podemos inverter esta situação. A qualidade do trabalho realizado nos clubes, por mais e melhores treinadores, a eficácia do processo de detecção e selecção de talentos nas academias Sub-16, Sub-17, os resultados das selecções nacionais Sub-18 no grupo de Elite e a participação dos Sub-19 no Campeonato da Europa e na qualificação para o Trophy no Chile apontam para uma nova geração de Lobos. Está na altura de mudar já que a prestação do seleccionador nacional está a comprometer seriamente o futuro do râguebi português.

Queiram os dirigentes demonstrar também a sua competência na avaliação destes indicadores e tomar as decisões mais acertadas, de acordo com um dos valores que regem a modalidade: Respeito.

PS - A continuar assim, não irei mais a Londres. Não quero sair de lá triste e frustrado com as prestações das selecções nacionais seniores.

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