Arquitectos japoneses contestam projecto de Zaha Hadid em Tóquio

O projecto da arquitecta iraquiana para o estádio que acolherá os Jogos Olímpicos de 2020 é demasiado grande e demasiado caro, argumenta uma petição lançada por dois prémios Pritzker

Projecto de Zaha Hadid
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Projecto de Zaha Hadid
Projecto de Zaha Hadid com a cidade em fundo
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Projecto de Zaha Hadid com a cidade em fundo
Projceto de Zaha Hadid - perspectiva do interior do estádio
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Projecto de Zaha Hadid - perspectiva do interior do estádio

Dois prestigiados arquitectos japoneses, Toyo Ito e Fumihiko Maki, lançaram uma petição, que esta sexta-feira tinha já mais de 14 mil assinaturas, contra a construção do Estádio Olímpico de Tóquio projectado pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid para acolher os Jogos Olímpicos de 2020.

Não é muito vulgar que arquitectos de renome mundial – Toyo Ito foi prémio Pritzker em 2013 e Fumihiko Maki já tinha recebido o galardão em 1993 – tentem impedir a concretização de um projecto de outro arquitecto. Acresce que Toyo Ito foi um dos dez finalistas cujos projectos acabaram por ser preteridos em favor do de Zaha Hadid, seleccionado por um júri que incluía outro reputadíssimo arquitecto japonês, Tadao Ando, também ele premiado com o Pritzker, em 1995.

Ando elogiou a “dinâmica” e o “desenho futurista” do projecto de Hadid, afirmando que este ilustra bem “a mensagem que o Japão quer endereçar ao resto do mundo”. Com 80 mil lugares e um custo previsto de 300 mil milhões de yenes (cerca de 2,19 mil milhões de euros), o edifício desenhado pela arquitecta iraquiana – também ela premiada com o Pritzker, em 2004 –utilizará fontes geotérmicas para produzir energia e reciclará a água da chuva.

Toyo Ito, Fumihiko Maki e outros arquitectos japoneses argumentam que o projecto de Hadid é demasiado grande e demasiado caro. Embora sublinhem não pretender atacar pessoalmente Zaha Hadid, a petição que lançaram enumera várias objecções ao projecto.

Dada a sua dimensão, o novo estádio implicará,  diz o documento, a destruição de vários espaços públicos muito frequentados. E os subscritores da petição receiam que o gigantismo do edifício, deixando pouco espaço livre à sua volta, constitua um risco de segurança acrescido em caso de desastre. Finalmente, lamentam que o estádio “sugue” os recursos construtivos que seriam necessários nas áreas afectadas por terramotos e tsunamis, e contestam o “fardo financeiro” que “as gerações mais jovens” irão ter de suportar.

Os protestos já obtiveram alguns resultados: embora o projecto tenha sido aprovado pelo governo japonês há meio ano, em Novembro de 2013, o ministro do Desporto, Hakubum Shimomura, já veio recentemente pedir a Hadid que redesenhe o seu projecto para o novo Estádio Nacional Olímpico de Tóquio, reduzindo a sua dimensão, para o adaptar melhor ao contexto urbano no qual irá ser construído, e baixando o seu gigantesco orçamento.

 

 

Esta notícia foi revista no dia 19, às 17h00. Corrigiram-se erros e retiraram-se as informação e imagens relativa ao edifício projectado por Kenzo Tange para os Jogos Olímpicos de 1964, que, ao contrário do que a notícia afirmava, não deverá ser afectado pelo projecto de Zaha Hadid.

 

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