Autarca de Valongo acusa Governo de querer acabar com o concelho

Presidente da Câmara diz ter informação de que o concelho perderá a Urgência Básica a 1 de Junho. E promete lutar.

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O Hospital de Valongo é gerido pelo São João, do Porto Nelson Garrido

O Presidente da Câmara de Valongo alertou esta quinta-feira que a Administração Regional de Saúde do Norte pretende encerrar a 1 de Junho a Urgência básica do hospital do concelho, forçando parte da população a recorrer ao Hospital de São João, no Porto, ou aos serviços de privados. José Manuel Ribeiro acusa o Governo de pretender mexer em vários serviços, numa “agenda oculta” que, acredita, visa a extinção deste concelho.

O autarca não se conforma que, depois de décadas de crescimento populacional, o concelho de Valongo, actualmente com quase cem mil habitantes, se veja na eminência de perder o seu serviço de urgência. A medida já esteve para ser tomada em anos anteriores, mas foi sendo posta da parte. Agora, garante o presidente da Câmara, um socialista que terminou com um longo consulado do PSD, a ARS-Norte estará mesmo apostada em fechar o serviço, o que o levou a pedir uma reunião urgente com aquela entidade. Que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar, através do gabinete de imprensa.

“Esta decisão atenta contra o acesso dos cidadãos ao serviço de saúde. Para uma parte considerável dos cidadãos de Valongo ir ao Porto é um custo”, declarou José Manuel Ribeiro. Recordando que havia um compromisso de diálogo por parte da ARS-N, o autarca considerou que o processo não está a ser gerido de forma correta. “Vamos reagir. Vivemos num país onde têm de se respeitar os eleitos locais”, frisou o autarca, para quem se está a resolver um problema contabilístico e a criar outro muito mais grave”, o da “saturação” da Urgência no São João.

"Além de afectar seriamente metade da população do concelho (sobretudo de Campo, Sobrado e Valongo), o encerramento do Serviço de Urgência de Valongo prejudica ainda os concelhos de Gondomar e Paredes, que também recorrem ao Serviço de Urgência Básica do Hospital de Valongo", explica o autarca. “O Serviço Nacional de Saúde é uma das grandes conquistas que temos”, acrescentou, considerando que estão a ser dados “passinhos para se desmantelar o SNS e convidar os cidadãos a ir ao privado”.

O problema, segundo José Manuel Ribeiro, é que Valongo tem sido prejudicado noutras áreas, como a Justiça, os serviços primários de saúde, geridos a partir da Maia, e a Educação. Valongo foi dos poucos concelhos que não teve uma obra da Parque Escolar, recorda, lembrando que chegou a estar prevista uma intervenção de fundo na Secundária de Ermesinde, que foi cancelada. “Há uma agenda escondida para acabar com este concelho. Para o espartilhar. Mas nós vamos dar luta”, avisou o autarca, que se queixa de falta de coesão na Junta Metropolitana do Porto.

Numa reunião em Matosinhos, há duas semanas, José Manuel Ribeiro tinha pedido uma posição conjunta sobre o encerramento de serviços do Estado, que o líder do conselho metropolitano, o social-democrata Hermínio Loureiro, recusou por não ter dados concretos sobre o que as intenções dos vários ministérios.   

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