Quando o racismo invade o desporto

A prevenção, a denúncia e a educação são campos que terão de caminhar em silmultâneo na luta contra o racismo.

Os meios de comunicação social deram nota, durante a última semana, de diversos episódios raciais ligados ao desporto. Estamos a referir-nos concretamente, ao caso da “banana de Daniel Alves” num jogo entre o FC Barcelona e o Villarreal, quando um adepto do Villarreal lança uma banana para junto de Daniel Alves e este lhe dá uma dentada; ao episódio de Nélson Évora em que este e um grupo de amigos são impedidos de entrar numa discoteca porque “eram demasiados pretos” e, ainda, das afirmações racistas de Donald Sterling, dono do Los Angeles Clippers, relativas a Magic Johnson, antigo jogador da NBA.

O desporto, infelizmente, em alguns momentos, foi e tem sido “utilizado” como um meio de instrumentalização e de afirmação de ideias que nada têm a ver com a dignidade da pessoa humana, bem com os ideiais e valores nobres que o desporto encerra, tais como: respeito, disciplina, amizade, espírito de equipa, solidaridedade, tolerância, entre outros. É verdade que todas estas situações negativas atrás citadas deram lugar a uma “onda” de repúdio e, ao mesmo tempo, de solidaridade para com as vítimas, através das redes sociais. Sabemos que o desporto é o reflexo das taras da sociedade, e vice-versa. Neste sentido, temos de estar vigilantes e ser assertivos na condenação deste tipo de comportamentos, pois o “exemplo” é a melhor forma de transmitirmos os valores junto dos mais novos. Educadores, professores, treinadores, dirigentes, têm de ser intransigentes, repito, intransigentes na condenação destes atos.

A prevenção, a denúncia e a educação são campos que terão de caminhar em simultâneo para que a luta contra o racismo, a intolerância ou a discriminação promovam o que o desporto tem de bom: os seus valores!

Todos estaremos de acordo que muito se percorreu desde que Jesse Owens afirmou: “É verdade que Hitler não me cumprimentou, mas também nunca fui convidado para almoçar na Casa Branca.” Hoje, felizmente, o desporto tem sido motivo de afirmação da inclusão, tolerância e harmonia entre os povos, através da celebração dos Jogos Olímpicos, campeonatos do mundo e da Europa, entre outros acontecimentos desportivos que unem povos, culturas, nações promovendo a inclusão e a valorização da pessoa humana. É este ideal que o Plano Nacional de Ética no Desporto (www.pned.pt) quer afirmar com um conjunto de iniciativas que tem desenvolvido junto dos agentes desportivos e da escola, nomeadamente com dezenas de sessões de sensibilização sobre esta temática.

Coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto

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