Ferry internacional de Caminha interrompe ligações por tempo indeterminado

Paragem ocorre anualmente e é necessária para os trabalhos de manutenção do barco. No entanto, o transporte fluvial entre Caminha e La Guardia, em Espanha, pode estar em risco.

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Ferry faz a ligação entre Caminha e La Guardia desde 1995 Marco Maurício/Arquivo

O ferryboat Santa Rita de Cássia, que assegura a ligação entre Caminha e La Guardia, em Espanha, interrompe a partir desta segunda-feira, por tempo indeterminado, as travessias entre as duas margens do rio Minho. Segundo fonte da Câmara de Caminha, responsável pela operação da embarcação, esta vai ser alvo de trabalhos de manutenção, necessários para a renovação do certificado de navegabilidade.

Durante esta paragem será igualmente efectuada a docagem da embarcação, estendendo-se a manutenção ao pontão flutuante do cais de atracação do lado português. A autarquia liderada pelo socialista Miguel Alves não avança, contudo, com prazos para retomar as ligações. "O município não aponta prazo para o retomar das travessias, devido à influência que as condições atmosféricas podem ter nos trabalhos", refere a mesma fonte.

Esta paragem acontece anualmente mas não está afastada a hipótese de a embarcação deixar definitivamente de assegurar a ligação diária entre as duas localidades por falta de manutenção do canal de navegação.

No início deste mês, em declarações à Lusa, o autarca de Caminha garantiu que se os governos de Portugal e de Espanha não desassorearem o canal de navegação do ferryboat, aquele serviço poderá "morrer" antes do Verão.

O canal de navegação do Santa Rita de Cássia, que começou a cruzar o rio Minho em 1995, não é alvo de nenhuma operação de dragagem por parte das autoridades portuguesas e espanholas há mais de três anos, situação que segundo Miguel Alves se reflete na redução, para metade, das viagens diárias da embarcação. "Ou os governos centrais de Espanha e Portugal tomam uma atitude, decidem connosco que o canal do ferry é para manter e que o ferry é para acontecer aqui no rio Minho, ou o ferry vai morrer" afirmou na altura o presidente da Câmara de Caminha.

Miguel Alves acrescentou tratar-se de uma posição partilhada pelo autarca galego de La Guardia, tendo em conta a falta de recursos financeiros dos dois municípios para assegurar as dragagens de manutenção do canal de navegação do ferryboat. "Caminha e La Guardia não têm capacidade para, sozinhas, manterem o canal do ferry. Com a baixa-mar não o conseguimos fazer navegar. Neste momento, com a meia-maré, já temos dificuldades. Isto quer dizer que a situação está a piorar, as receitas estão a baixar e os custos a aumentar, os estados têm que contribuir para uma solução se querem que esta seja uma realidade aqui na foz do Minho", sustentou.

Os dois autarcas já escreveram aos governos centrais solicitando uma audiência conjunta "para dar conta da situação".Durante dez anos, o desassoreamento do canal foi assegurado pela Câmara de Caminha. Em 2008 o lado espanhol chamou a si essa responsabilidade, através de uma resolução assinada entre o Governo Civil de Viana do Castelo e a Delegação do Governo da Galiza.

Caminha é o único concelho do vale do Minho que depende do transporte fluvial para garantir a ligação regular à Galiza, enquanto os restantes quatro concelhos da região dispõem de pontes internacionais.

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