A mediatização e o crescimento em Portugal

A presença em grandes competições internacionais é a melhor forma de publicitar uma modalidade desportiva

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Agora que o Mundial de 2015 já lá vai, a questão que se coloca é: Será que a selecção de sevens tem condições para lutar por uma vaga nos Jogos Olímpicos?

Com a presença dos Lobos no Mundial 2007 o número de praticantes aumentou como nunca. O râguebi português precisa de um novo impulso para continuar a crescer (o numero de praticantes em Portugal é ainda reduzido) e nova presença num grande competição é essencial. Temos, por isso, de ir aos Jogos Olímpicos!

Talvez nós, os adeptos, estejamos mal habituados. Mas, na realidade, “desilusão” é o termo mais simpático que consigo encontrar para definir as mais recentes prestações dos Lobos e dos Linces. Estamos fora do Mundial 2015 (a selecção de XV ficou num modesto 5.º lugar na Torneio Europeu das Nações), no sevens as prestações nos últimos torneios tem sido decepcionantes e os Jogos Olímpicos estão já ao virar da esquina…

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Quadro 1

Será que a vitória na Torneio Europeu das Nações em 2003-04 e a presença no Mundial 2007 foram feitos pontuais e irrepetíveis, alcançados essencialmente devido à enorme capacidade de liderança e organização de Tomaz Morais que criou o Clube Selecção “Os Lobos”?

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Quadro 2

Os Lobos democratizaram o râguebi pois foi com eles que foi possível ver o “comum cidadão” a citar o nome de alguns jogadores, a partilha frenética de vídeos do hino e ter orgulho no râguebi enquanto representante de Portugal. Muitas outras modalidade, com muita maior expressão, nunca conseguiram isso…

Comparando o râguebi português com os seus mais directos adversários, constatamos que Espanha e Georgia são dois casos paradigmáticos (ver quadro 1). Se tivéssemos apenas como critério o número de atletas federados para apostar no país com mais presenças em Taças do Mundo, certamente que perderíamos o nosso dinheiro.

Desde 2003, que a Georgia (16.ª do ranking IRB) é presença assídua, enquanto a Espanha (21.ª) apenas por uma vez (1999) conseguiu o apuramento para a fase final. Colocando de fora o caso singular da Georgia, verificamos que Portugal está muito abaixo dos seus mais directos adversários no número de praticantes É certo que a quantidade não é tudo, senão, a Inglaterra, com quase 2 milhões de atletas federados seria sempre campeã do Mundo (a Nova Zelândia tem “apenas” cerca de 150.000).

Mas temos que convir que, excepções à parte, quanto maior for o nosso número de praticantes na base, mais probabilidades temos para conseguir uma topo da pirâmide de bom nível. A expressão do número de jogadores de râguebi, no total de atletas federados em outros desportos em Portugal é muito reduzida, representando apenas cerca de 1%.

Sabendo que o número de jogadores necessários para fazer uma equipa de râguebi é muito superior à generalidade das modalidades colectivas, podemos facilmente extrapolar que o número de clubes de râguebi é imensamente inferior aos das outras modalidades (ver quadro 2).

É interessante constatar que, entre 1986 e 2012, o número de praticantes desportivos federados praticamente duplicou no nosso país (passou de 265.588 para 524.167). Este facto dever-se-á certamente a uma maior consciência dos benefícios do desporto por parte da população, mas também à organização das respectivas federações desportivas, surgimento de infra-estruturas desportivas, etc.

O râguebi tem ainda muita margem para crescer e na realidade o número de atletas federados tem aumentado ao longo dos anos. No espaço de uma década o número de atletas federados praticamente triplicou, mas o grande “boom” foi entre a conquista do Torneio Europeu das Nações 2003-04 e a presença no Mundial 2007.

Como vimos, comparativamente com outras modalidades colectivas, o número de praticantes de râguebi é praticamente residual. Não sendo este o único caminho, a presença em eventos de escala mundial tem um impacto directo no crescimento do número de atletas.

Os Jogos Olímpicos são a próxima grande montra para o râguebi português. É difícil? Claro que é difícil, mas o ponto de partida para os Linces é incomensuravelmente mais favorável do que os Lobos tinham para ir ao Mundial…

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