Associação são-joanense amiga dos animais acusa polícia de recolher cães “por vias pouco lícitas”

PSP garante que está a cumprir a lei para resolver uma questão de saúde pública e de segurança.

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Dia Internacional do Animal Abandonado é assinalado neste sábado Miguel Madeira

A Ani São-João – Associação dos Amigos dos Animais de São João da Madeira, que há cinco anos recolhe animais abandonados das ruas, está apreensiva com os métodos utilizados pela PSP local na captura de cães, acusando-a de recorrer a “vias muito pouco lícitas”. As autoridades policiais negam e dizem que estão a ser cumpridas as normas estabelecidas pela Direcção-Geral de Veterinária.

“A polícia começou a ir sozinha para as capturas, utilizando os dardos que só podem ser usados com a presença da veterinária municipal que faz a dosagem dos sedantes a colocar nesses dardos”, conta Teresa Oliveira, presidente da Ani São-João, que considera que não é este o caminho para a "limpeza da cidade dos animais errantes”.

A matilha que, segundo a associação, a PSP tem perseguido tinha seis cães "de grande porte, mas que não atacavam ninguém". Quatro foram encontrados sem vida nos últimos dias. A Ani São-João revela que encontrou “sinais de envenenamento” e quer esclarecer se as mortes dos cães terão sido uma coincidência acidental ou uma operação preparada. Nesse sentido, os corpos foram congelados para serem autopsiados. “Queremos saber qual a causa das mortes para tirarmos as dúvidas do que terá sido”, adianta a presidente da Ani São-João.

Teresa Oliveira garante que a solução para recolher os animais das ruas da cidade são-joanense passa pela construção de raiz de um canil e de um gatil. Um desejo alimentado nos últimos anos. Neste momento, a associação funciona no antigo centro de recolha de animais com oito jaulas pequenas habitadas por 22 cães. Em 2013, a associação recolheu 94 cães, 56 foram adoptados, 22 continuam no canil e 16 estão em famílias de acolhimento.

“A construção de um canil seria a solução ideal para que não houvesse animais nas ruas e para que não fossem encaminhados para o canil intermunicipal, onde são abatidos”, refere. A Ani São-João já tem as plantas fornecidas pela câmara com os terrenos que estão disponíveis para a nova infra-estrutura e aguarda uma reunião com os responsáveis autárquicos para avançar com o projecto. A autarquia cede o terreno, a associação assume o projecto e as obras. 

Contactada pelo PÚBLICO, a subcomissária Rosa Maria Gomes que comanda a PSP de São João da Madeira remeteu explicações para a PSP de Aveiro que refere que a esquadra são-joanense tem prestado colaboração à câmara na captura e recolha de cães vadios, de acordo com o que a lei prevê.

“A intervenção visa resolver uma questão de saúde pública e de segurança da população, uma vez que se constata a existência de matilhas de cães errantes que têm causado ferimentos em transeuntes e natural apreensão na população”, escreve numa nota enviada por email. E acrescenta que a actuação das entidades competentes, nomeadamente dos serviços veterinários da câmara, “cumprem as normas emanadas pela Direcção-Geral de Veterinária para a captura e recolha destes animais”.  

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