O principal rendimento dos jovens desempregados é... o trabalho

Há cada vez mais jovens desempregados que têm como principal rendimento... o trabalho. Parece contraditório, mas não é. A conclusão é de um estudo do Observatório Permanente da Juventude

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Rafael Marchante/Reuters

Não têm emprego, mas não recebem subsídios nem são sustentados pela família. O trabalho informal é a principal fonte de rendimento de cada vez mais jovens desempregados. Parece contraditório, mas não é. Há cada vez mais jovens desempregados que têm como principal rendimento... o trabalho. As conclusões são do Observatório Permanente da Juventude (OPJ) que, numa "cartografia da juventude na última década", comparou os Censos de 2001 com os de 2011.

Vítor Sérgio Ferreira, vice-coordenador do OPJ e um dos responsáveis pela cartografia, explica que a maior parte das conclusões da comparação "não são dados propriamente surpreendentes". No entanto, não era esperado o dado obtido em relação ao meio rendimento dos jovens.

"Pensaríamos que seriam as próprias famílias a sustentar esses jovens, mas o principal meio de vida dos jovens desempregados é o trabalho", explicou o vice-coordenador do Observatório. Vítor Sérgio Ferreira considera que estes dados são resultado de atividades associadas ao trabalho informal. "As pessoas vão fazendo os seus biscates para conseguirem arranjar dinheiro para sobreviver", explicou.

O vice-coordenador relembrou que o indicador de desemprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), responsável pelos inquéritos censitários, é muito restritivo. São considerados desempregados os indivíduos que, com idade mínima de 15 anos e à data dos censos, "não tinham trabalho remunerado, estavam disponíveis para trabalhar e tinham procurado emprego" nas três semanas anteriores à realização do inquérito.

De acordo com a comparação feita pela Observatório, apesar de o desemprego jovem ter aumentado entre 2001 e 2011, houve uma diminuição dos desempregados a cargo da família. Os valores passaram de 63,4% para 58,7%. Ao mesmo tempo, também o número de desempregados que recebem subsídio baixou, de 20,8% para 12,4%.

Vítor Sérgio Ferreira considera que o aumento do trabalho informal poderá justificar-se pela "compressão do mercado de trabalho" dos anos anteriores aos censos de 2011, o que dificultou a inserção dos "mais jovens e dos jovens menos qualificados". Em 2014, a situação não será mais favorável. "Muitos dos fenómenos aqui identificados acentuaram-se nos últimos três anos", acrescentou o vice-coordenador do OPJ.

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