Paulo Pires e Ana Padrão fazem vídeo para ajudar a encontrar Rui Pedro

Campanha vai ser lançada nesta terça-feira no YouTube, dia em que o jovem de Lousada faria 27 anos. Rapaz desapareceu há quase 16 anos.

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Rapaz de Lousada faria nesta terça-feira 27 anos PÚBLICO

“Lembra-se dos últimos anos com o seu filho?”, pergunta sorridente a actriz Ana Padrão, logo no início do vídeo que dura um minuto e 21 segundos. Das noites de Natal, das festas de aniversário, das passagens de ano, das férias de Verão, dos inícios de aulas, dos Invernos e dos Verões, vão exemplificando, de forma alternada, os dois actores. Paulo Pires repete a pergunta que Ana Padrão faz no início do vídeo e desta vez a questão não fica sem resposta.

Quem a dá é Filomena Teixeira, mãe de Rui Pedro, com uma expressão carregada e uma voz tremida: “Eu não. O Pedro faz hoje 27 anos. Não o vejo desde os 11. Nunca vou desistir de o procurar.”

Paulo Pires retoma o papel principal e lança um apelo: “Se tiver alguma informação que nos possa ajudar a encontrar o Rui Pedro, por favor, diga-nos." Segue-se Ana Padrão, que realça que “nunca é tarde para ajudar”. “Foi o filho de Filomena, mas podia ter sido o seu”, completa a actriz. No ecrã surge então a fotografia de Rui Pedro ao lado dos endereços telefónicos e de email da Polícia Judiciária e da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas.

A voz de Paulo Pires sublinha que há em Portugal mais de 60 crianças e menores de desaparecidos e associa-lhe outro tema. “São traficadas para exploração sexual todos os anos mais de três milhões de crianças. O tráfico verifica-se em todos os países do mundo e está a aumentar”, remata o actor.

Casos mediáticos
Na lista de desaparecidos colocada pela PJ no site da instituição, aparecem oito casos de menores desaparecidos que continuam por encontrar, um deles há 24 anos. Entre estes estão casos mediáticos, como o de Madeleine McCann, desaparecida do apartamento onde passava férias com os pais, na Praia da Luz, no Algarve, ou o de Rui Pedro. Mas alguns mais silenciosos, como o de Cláudia Alexandra Silva e Sousa, que desapareceu em 1994 com sete anos, ou de Jorge Manuel Duarte Lopes Sepúlveda, de quem três anos antes a família perdeu o rasto.

No caso de Rui Pedro, o Tribunal da Relação do Porto condenou em Março do ano passado um antigo amigo da família, Afonso Dias, pelo rapto do menor, 15 anos após o seu desaparecimento. O arguido ainda aguarda o desfecho de recursos que o impeçam de ser obrigado a cumprir a pena de três anos e seis meses de prisão a que foi condenado. De acordo com João André, primo de Rui Pedro, Afonso Dias tinha desafiado na véspera os dois para irem às prostitutas. Mas no dia só Rui Pedro se encontrou com o amigo mais velho. Uma prostituta, Alcina Dias, foi a tribunal testemunhar que Afonso Dias lhe levou Rui Pedro, que sofria de epilepsia, propondo-lhe que mantivesse relações sexuais com o menor a troco de dois mil escudos. Mas as incoerências de Alcina Dias nos depoimentos feitos ao longo do processo levaram o Tribunal de Lousada a absolver o arguido. A Relação do Porto reformulou a decisão, mas não trouxe nenhuma luz sobre o que aconteceu a Rui Pedro.
 

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