Eu, Frankenstein

Inútil esperar daqui a poética de James Whale, o romantismo de Terence Fisher, ou sequer o pragmatismo de Roger Corman. E Mary Shelley ainda menos se enxerga - este Eu, Frankenstein é uma salada russa (ou, em termos de produção, uma salada americano-australiana) onde qualquer relação com o Frankenstein original já nem conta como ingrediente, e tudo foi filtrado por um ambiente de “novela gráfica” (o argumento baseia-se numa) e temperado pelo visual de um jogo de computador. Não é que seja feio, feio, e que algumas ideias visuais (as gárgulas e a Notre Dame) não representem um emprego minimamente decente dos efeitos digitais. Mas é uma coisa feita tão sem gosto, uma repetição tão soturna dos clichés mais básicos, uma narração tão mastigada, que aos cinco minutos já se tornou um tédio e uma canseira.. Sobretudo para os ouvidos, porque se os olhos ainda encontram algum abrigo (em Yvonne Strahovsky, por exemplo), auditivamente Eu, Frankenstein massacra o espectador sem dó nem piedade.

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