Câmara de Óbidos estuda concessão de termas a investidores russos

Autarquia aguarda publicação do despacho de concessão das águas ao município para decidir quem fica com o negócio.

A Câmara de Óbidos admitiu nesta segunda-feira que as termas das Gaeiras podem vir a ser exploradas por um investidor russo, aguardando a publicação do despacho de concessão das águas à autarquia para avançar com o negócio.

"Um grupo de capital russo manifestou interesse em ficar com a subconcessão das águas minerais e vamos aprofundar as negociações assim que for publicado o despacho de concessão à câmara, o que deverá acontecer num prazo de 90 dias", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques (PSD).

A descoberta de um aquífero de água termal nas Gaeiras - com características similares às águas do hospital termal das Caldas da Rainha mas bacteriologicamente mais puras - foi anunciada pela Câmara de Óbidos em Setembro do ano passado, altura em que a autarquia manifestou interesse em ficar com a concessão. Apesar de não estar afastada a hipótese de as termas serem geridas pela câmara, o autarca adiantou que, "havendo privados que apresentem projectos de altíssimo valor acrescentado, sobretudo com dimensão turística", não hesitará em subconcessioná-las, porque "um privado gere sempre um projecto desta dimensão de forma mais focalizada".

Para já, os investidores russos lideram a corrida às termas com um projecto "muito ligado às medicinas alternativas com recurso a água termal", e que inclui ainda, segundo o presidente, "além de um SPA, áreas de bem-estar e uma ligação muito grande ao território através do desporto e de tratamentos do corpo a realizar no exterior".

A negociação com o grupo investidor só pode avançar após a determinação de 60 dias para a discussão pública que antecede a publicação do despacho de concessão à câmara. Enquanto isso, o executivo está a trabalhar na preparação de um programa preliminar "muito exigente ao nível das valências, dos projectos e das contrapartidas que se pretendem, quer para o município quer para as populações locais", acrescentou. O processo passará ainda pela negociação ou eventual expropriação dos terrenos onde se localizam as captações de água, os quais são propriedade da Associação Nacional de Farmácias, entidade que não manifestou interesse na concessão.

A água termal das Gaeiras é captada entre os 140 e os 150 metros de profundidade e foi durante um ano sujeita a análises que confirmaram as suas características de água mineral natural "similares às das Caldas da Rainha, mas com melhores condições", afirmou o geólogo e investigador da Universidade de Coimbra José Matos Dias, aquando do anúncio da descoberta do aquífero.

Segundo o especialista em águas termais, trata-se de uma água "bacteriologicamente muito pura, que chega à superfície a 32 graus centígrados e em quantidade suficiente para "abastecer um balneário termal de dimensões semelhantes ao de S. Pedro do Sul", que serve anualmente cerca de 25 mil termalistas. A água pode ser aplicada na prevenção de doenças e na reabilitação nas valências "respiratórias, musculoesqueléticas e dos problemas da pele", afirmou na mesma data o responsável pela descoberta do aquífero que considera ser "um dos mais importantes no contexto nacional".

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