Frente Atlântica Porto, Gaia e Matosinhos causa mal-estar no Conselho Metropolitano

Autarcas de outros concelhos, como Santo Tirso, sentem que o trio está a sobrepôr-se ao órgão que junta 17 concelhos.

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A iniciativa dos autarcas de Gaia, Porto e Matosinhos contra o esvaziamento da RTP Porto foi criticada na reunião do Conselho Metropolitano Bárbara Raquel Moreira

O presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Hermínio Loureiro, congratulou-se esta sexta-feira com "a concertação de posições" entre o Porto, Matosinhos e Gaia, considerando que nunca esteve em causa "um esvaziamento" do órgão da Área Metropolitana do Porto que lidera.

Hermínio Loureiro respondia assim aos autarcas da Maia e de Santo Tirso, que criticaram, em reunião do Conselho Metropolitano do Porto, terem tido conhecimento da criação da Frente Atlântica do Porto pela comunicação social, considerando que lhes devia ter sido dado conhecimento prévio.

No dia 12, os presidentes das câmaras do Porto, Gaia e Matosinhos assinaram a carta de Compromisso dos Municípios da Frente Atlântica, um documento que pretende afirmar-se como "uma ferramenta transmunicipal para implementar uma estratégia de políticas territoriais, em áreas fundamentais".

"Estamos a formar uma liga de cidades", afirmou na ocasião o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acrescentando que "há uma sinergia óbvia entre estes municípios", bem como "também a necessidade, até para benefício dos cidadãos", de os três concelhos não duplicarem "esforços, em concorrência, o que surgiu o passado".

O presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, quis hoje saber se Hermínio Loureiro, enquanto presidente do Conselho Metropolitano, tinha sido ouvido a propósito da criação desta Frente Atlântica. "Gostava de saber como é que isto surgiu, saber detalhes", disse, "era de bom senso informar o Conselho Metropolitano". Bragança Fernandes criticou o facto de os três autarcas da Frente Atlântica terem já tomado uma iniciativa contra o "esvaziamento" do Centro de Produção da RTP do Norte, "que nada tem a ver" com o que une os concelhos.

Hermínio Loureiro referiu ter esclarecido "algumas dúvidas" com o autarca do Porto, Rui Moreira, garantindo ter a certeza de que não há qualquer "intenção de beliscar" o conselho metropolitano. "Eu, enquanto presidente do conselho, não fui ouvido, mas aprecio a concertação de posições e união de esforços entre municípios, e acho que devemos naturalmente mostrar satisfação quando os municípios se dão bem e estão de mãos dadas. Não gosto de ver é o contrário, a trocar recados para os jornais", afirmou Hermínio Loureiro.

Em resposta, o autarca de Matosinhos, Guilherme Pinto, justificou a criação de sinergias entre os três concelhos afirmando ser "a favor" de se procurarem entendimentos "relativos a problemas comuns" que não se partilham com mais nenhum outro município. "Isto é fazer política", vincou, acrescentando que "esta coisa de cada um tratar do seu pedaço não tem nome".
Olhando para o território, salientou, "percebe-se bem um contínuo que tem que ter estratégias comuns". "Não é uma ilha, é uma frente atlântica", concluiu Guilherme Pinto.

Hermínio Loureiro considerou ainda que todos os municípios têm "a ganhar" com o bom relacionamento criado, concluindo que "as divisões enfraquecem". Aquando desta discussão, o autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, já tinha abandonado a reunião. A autarquia do Porto foi a única das 17 que não esteve presente no encontro.
 
 

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