Autoridades prendem cabecilhas de rede de imigração ilegal

Imigrantes ilegais já residiam em países europeus e vinham a Portugal obter documentação falsa.

Foto
Dez por cento dos habitantes da Amadora são imigrantes Enric Vives-Rubio

O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decretou a prisão preventiva para sete suspeitos detidos no âmbito das investigações de uma rede criminosa que arranjava documentação falsa a imigrantes ilegais já residentes no espaço europeu.

“Os quatro cabecilhas da organização criminosa foram detidos em Portugal”, refere uma nota informativa do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que adianta que foram igualmente feitas outras sete detenções em França. Ainda segundo o SEF, a investigação criminal decorria há um ano, sob o comando da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, em coordenação com as autoridades francesas e a colaboração da polícia espanhola. Objectivo: apanhar “um grupo de pessoas que se dedica ao transporte de imigrantes em situação ilegal de vários países da União Europeia para Portugal, com vista a que aqui se regularizassem, recorrendo a documentação falsa ou obtida fraudulentamente”.

Denominada Batedores, a operação policial foi desencadeada no sábado, simultaneamente em Portugal e em França, tendo sido recolhidas “provas abundantes da actuação do grupo, que tinha uma hierarquia própria e que auferia grandes rendimentos colhidos do pagamento dos ‘serviços’ por parte dos imigrantes ilegais que angariavam”. Foram apreendidos 30 telemóveis, cinco aparelhos de GPS, computadores e documentação diversa, incluindo a prova da transferência de dezenas de milhares de euros provenientes da actividade criminosa, tendo ainda sido encontrados mais de 30 mil euros em dinheiro.

As viagens faziam-se por via terrestre, em carros ligeiros e em monovolumes, tendo como origem e destino a França, a Alemanha, a Suíça, a Bélgica e a Itália. “As viaturas que transportavam os imigrantes ilegais seguiam separadas e em permanente comunicação e na passagem das fronteiras a coluna era precedida por uma viatura com um só ocupante, que alertava as restantes para eventuais controlos policiais”, refere a mesma nota informativa. Cinco dos detidos em território português são estrangeiros.

Um comunicado de imprensa do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa dá conta de alguns dos valores pagos pelos clientes à rede criminosa: desde 200 a 300 euros por uma viagem ida-e-volta entre Portugal e Espanha até 1200 a 1500 pelo trajecto Portugal-Dinamarca ou Portugal-Áustria. Um inspector do SEF envolvido na investigação assegura, porém, que estes montantes dizem apenas respeito à viagem, não incluindo os valores pagos pelos imigrantes pela documentação destinada à sua regularização na Europa.

 

Sugerir correcção
Comentar