Sociais-democratas aprovam coligação com Angela Merkel

Referendo ao acordo obteve o apoio de 76% dos membros do partido. Novo governo deverá entrar em funções na terça-feira.

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Sigmar Gabriel, líder do SPD JOHN MACDOUGALL/AFP

A liderança do SPD perguntou aos militantes se queriam voltar a ver os sociais-democratas numa grande coligação com os conservadores de Angela Merkel e a resposta foi inequívoca: 76% disseram que sim e removeram o último obstáculo a um terceiro mandato de Merkel como chanceler.

"Nunca vi o meu partido tão envolvido politicamente ao longo dos meus 36 anos de filiação. Há muito tempo que não sentia um orgulho tão grande em ser social-democrata", disse o líder do SPD, Sigmar Gabriel, em conferência de imprensa, depois do anúncio dos resultados.

Para além do esmagador "sim", Sigmar Gabriel tinha também razões para estar eufórico com a elevada participação na consulta – 78% dos 474 mil membros do partido responderam à chamada e a maioria deles deu um novo fôlego ao líder do SPD, depois da humilhação sofrida nas eleições de Setembro.

Há três meses, a CDU/CSU recebeu 41,5% dos votos, ficando a curta distância daquela que seria uma histórica maioria absoluta, que já não acontece na Alemanha desde 1957. Os sociais-democratas do SPD não foram além dos 25,7%, o seu segundo pior resultado desde a II Guerra Mundial.

Seguiram-se semanas de difíceis negociações com vista à formação de um novo governo. As principais conquistas do SPD foram a introdução de um salário mínimo no país (que vai começar a ser pago a partir de 1 de Janeiro de 2015, a 8,5 euros à hora) e uma diminuição da idade da reforma (63 em vez de 67 anos para quem trabalhou 45 anos).

Depois de o acordo ter sido fechado, no final de Novembro, Sigmar Gabriel teve de se esforçar para convencer muitos militantes sociais-democratas, que não viam com bons olhos um aval do partido a mais um mandato de Angela Merkel.

Para esta desconfiança contribuíram os maus resultados do SPD nas eleições que se seguiram à primeira grande coligação com a CDU de Angela Merkel, entre 2005 e 2009, e também o fim da representação parlamentar do Partido Liberal (que fez parte do anterior governo liderado por Merkel) nas eleições de Setembro.

No início deste mês, o líder do SPD encontrou-se com 900 membros do partido, em Hamburgo, para tranquilizá-los: "Angela Merkel não é uma viúva negra à espera de lançar a sua rede sobre o SPD", disse Sigmar Gabriel, numa tentativa de afastar os receios de que a chanceler se tenha transformado numa máquina trituradora de parceiros de coligação.

Os nomes dos 15 novos ministros vão ser anunciados neste domingo. Apenas se sabe que seis são do SPD, mas os media alemães já avançaram algumas hipóteses.

Wolfgang Schäuble, o principal rosto da resposta alemã à crise na Zona Euro, baseada em políticas de austeridade, será reconduzido no cargo de ministro das Finanças.

De regresso ao governo alemão estará Frank-Walter Steinmeier, do SPD, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros na primeira coligação com a CDU de Angela Merkel, entre 2005-2009.

O líder dos sociais-democratas, Sigmar Gabriel, deverá chefiar um superministério, responsável pela economia e pela anunciada – e ambiciosa – transição da Alemanha da energia nuclear para as energias renováveis.

Se as informações avançadas pelos media neste sábado se confirmarem, Ursula von der Leyen poderá ser a primeira mulher a liderar o Ministério da Defesa alemão, depois de ter sido ministra dos Assuntos Familiares no primeiro governo de Merkel e ministra do Trabalho no segundo executivo.

O acordo entre a CDU/CSU e o SPD vai ser assinado na segunda-feira, para que o novo governo liderado por Angela Merkel possa ser nomeado na terça-feira.

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