Wodehouse e Lawrence

Há dois escritores ingleses que não consigo ler que são cada vez mais celebrados por leitores e críticos de língua inglesa: D. H. Lawrence e P. G. Wodehouse.

Há escritores que muito admiro (como Evelyn Waugh) que admiraram P. G. Wodehouse. Esta semana vi um programa de televisão da BBC em que Geoff Dyer voltava a confessar a paixão dele pela escrita de Lawrence. O único livro de Geoff Dyer que não li nem tenho é aquele que escreveu sobre Lawrence.

Saiu este ano uma nova edição dos poemas de Lawrence, de que quase ninguém gosta. O editor é Christopher Pollnitz e a editora é a Cambridge University Press. São dois volumes com um total de 1425 páginas que custam 130 libras esterlinas. Acho que é o livro que mais me horrorizaria ter de ler. E muito mais comprar e, no segundo pior possível pesadelo, ter de decorar ou, no pior, ter de traduzir para português.

Uma das consolações de envelhecer (ou uma das pressas de ter menos tempo) é não insistir em desfazer as inimizades literárias que destoam e recusam dissolver-se. Lawrence era o menos inglês e mais proletário escritor inglês (odiava ser inglês), enquanto Wodehouse é o mais inglês e o mais middle class (adorava ser inglês).

Ambos escreveram muito e com grande facilidade. Os talentos de um e de outro são inegáveis. Mas não conheço maiores despertadores do tédio, sem fim nem alívio. Lawrence era um matarruano selvagem e Wodehouse era um tímido idiota.

Que bem que sabe dizer a nossa verdade.
 
 
 

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