O Desconhecido do Lago

“Sexual-cerebral”, severo e irónico em doses equivalentes, pleno de ressonâncias (inclusive, cinéfilas: é mais hitchcocko-chabroliano dos filmes de Guiraudie), e uma mise-en-scène irrepreensível na maneira (gelada, apesar do sol) como liga o “thriller”, o erotismo “proibido” e a contemplação paisagística. É certo que é uma boa maneira de fugir ao precedente O Rei da Evasão, onde o espírito de irrisão ameaçava, de facto, destruir o próprio filme - e nesse sentido, é um filme que traz, indubitavelmente, um capítulo novo ao cinema de Guiraudie. Não estamos, simplesmente, seguros de que este caminho, onde a factura é tão exemplar como num Ozon (por exemplo), seja mais entusiasmante do que a anarquia, louca, sinuosa e nada linear, dos melhores filmes de Guiraudie, de Ce Vieux Rêve qui Bouge a Os Bravos Não têm descanso.

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