Rui Tavares quer o partido LIVRE “no meio da esquerda”

José Sá Fernandes e Joana Amaral Dias, que também romperam com o Bloco de Esquerda, estiveram no São Luiz.

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Rui Tavares quer criar “uma esquerda nova”, num lugar onde não estão nem PS, nem PCP nem BE Miguel Manso

Um novo partido que se poderá chamar “LIVRE” e que tem de ser uma frente progressista que devolva ao país a realidade da Constituição. Com um rumo claro: convergências abertas e transparentes à esquerda. A proposta foi apresentada neste sábado pelo eurodeputado Rui Tavares, no Teatro São Luiz, em Lisboa, onde estiveram cerca de 200 pessoas.

Rui Tavares quer criar “uma esquerda nova”, ou um partido de “tipo novo”, que não seja “reaccionário”, como outros de esquerda. Esse lugar, acredita, é ao centro da esquerda, não está ocupado pelo PS, Bloco de Esquerda (BE) ou PCP e pode convencer todos os que não se revêem em nenhum deles.

“O nosso lugar é no meio da esquerda. Entendemos como nosso dever a procura e a realização de convergências abertas, claras e transparentes, para criar uma maioria progressista capaz de criar uma alternativa política em Portugal e na Europa.”

Um projecto que sabe “dificílimo”, mas que Tavares acredita que pode ir ainda a tempo das próximas eleições europeias, em Maio. Além da declaração de princípios do “LIVRE – Liberdade, Esquerda, Europa e Ecologia” e do processo de recolha de assinaturas em marcha, hoje também já se distribuíram fichas de pré-filiação no partido, cujo símbolo promete ser uma papoila.

"É uma retaguarda de eleitores de esquerda, de eleitores que saem à rua, uma retaguarda de pessoas que já votaram PCP, BE, PS, mas que, neste momento, sentem que não têm representação”, disse.

O actual eurodeputado pelo Grupo dos Verdes, que foi eleito nas listas do BE, viria a romper com a direcção do então líder Francisco Louçã, em 2011. José Sá Fernandes, que também contou com o apoio do Bloco para a Câmara de Lisboa, esteve no São Luiz, mas saiu logo depois da intervenção inicial de Rui Tavares. Inês de Medeiros, deputada do PS, e Joana Amaral Dias, ex-deputada do Bloco, também marcaram presença.

Mas foi a ex-parlamentar bloquista que quis saber o que pode distinguir o LIVRE do BE e da ala esquerda do PS. Na resposta, Tavares deu dois exemplos: o Tratado Orçamental é “contra a União Europeia e foi aprovado com os votos do PS” e o Bloco tem sido “muitíssimo renitente em relação à construção de uma democracia europeia”. Mas o eurodeputado também deu sinais para as ambicionadas convergências: “Sinto-me bem com muita gente do PS e do BE, da ala mais moderada do BE e da ala mais à esquerda do PS”.

“Nós não precisamos de pedir licença para nascer”, afirmou. E não deixou de marcar o espaço de um partido de esquerda que não tem dúvidas europeístas: “Sem democracia europeia não há solução para a crise que estamos a viver”.

Tavares quis demarcar-se de responsabilidades de divisão à esquerda e foi questionado sobre política de alianças, programa e funcionamento interno por vários socialistas, como Ana Benavente.

“Isto não está suficientemente maduro e não podemos estar aqui só com as nossas decepções. Tornar esta iniciativa como a iniciativa do Rui Tavares fragiliza-a, tem de ser um colectivo mais forte”, aconselhou Ana Benavente.

 

 

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