Médico libertado depois de 23 horas de sequestro

António Veloso pediu auxílio a moradores em Pontevedra. Estava de boa saúde. A Guardia Civil mantém-se no encalço dos suspeitos, que continuam a monte.

Fotogaleria
Imagens dos suspeitos divulgadas pela Guardia Civil espanhola DR
Fotogaleria
O médico português António Veloso foi sequestrado à porta de um supermercado DR

O médico de Arcos de Valdevez sequestrado na quinta-feira junto a um supermercado daquela zona foi libertado esta sexta-feira ao final da noite em Ponteareas, Pontevedra, Espanha. A libertação ocorreu após 23 horas de sequestro. Foram os donos de uma casa da localidade espanhola que, pelas 20h, alertaram a Guardia Civil. António Veloso, que terá 65 anos, caminhou sozinho e pediu auxílio, segundo o jornal espanhol La Voz de Galicia.

Os sequestradores, porém, continuavam, à hora da publicação desta notícia, a ser procurados por um vasto dispositivo policial que a Guardia Civil montou. Aliás, momentos antes de se saber que o médico teria aparecido em boa saúde, a SIC reportava que as autoridades haviam cercado os sequestradores entre Porriño e Redondela e que, nesse âmbito, decorriam negociações.

Do lado português, a investigação está a cargo da Directoria do Norte da Polícia Judiciária, no Porto, que colabora com as autoridades espanholas.

Entre os suspeitos, armados, estará um perigoso e histórico cadastrado espanhol. Saturnino Marcos Cerezo Cancelas, o “Canceliñas, é referenciado por disparos sobre um casal no início da semana passada, em Porriño, Galiza, no âmbito de um acerto de contas e por inúmeros assaltos a postos de combustível.

Cadastrado espanhol perigoso envolvido
As autoridades espanholas caracterizam “Canceliñas”, protagonista de aparatosas fugas das prisões, como “extremamente perigoso”. É suspeito de mais de 50 delitos, nomeadamente assaltos violentos, tendo sido detido cerca de 40 vezes.

Segundo a Guardia Civil, que durante esta sexta-feira emitiu um comunicado com fotografias dos suspeitos, “Canceliñas” estará acompanhado por Álvaro Barbosa. Vários jornais espanhóis informaram esta sexta-feira de que se trata de outro espanhol sem antecedentes criminais, mas referenciado por tráfico de droga.

Porém, ao PÚBLICO fonte da GNR garantiu que Álvaro é um português de Paredes de Coura que esteve envolvido, quinta-feira, desde inicio, nas várias acções do grupo – que começou por ser um trio – e que incluíram um assalto a uma casa e roubo de vários carros.

Os dois espanhóis e um português, não se tinham confrontado, até então, com nenhum dono dos veículos roubados. O grupo recorreu sempre, nessas situações à quebra de vidros, uso de uma gazua e à ligação directa.

Quinta-feira, ainda antes do sequestro, o grupo já tinha roubado uma motorizada e dois carros em Paredes de Coura, pelas 12h, após assaltarem ali uma casa. “Temos a forte suspeita de que foi esse mesmo grupo o autor do furto nessa habitação”, disse o tenente-coronel Prazeres, da GNR de Viana do Castelo.

Os suspeitos andaram depois cerca de 30 quilómetros até Friestas, Valença, onde deixaram a motorizada e furtaram um Fiat Stilo, pelas 17h.

Quarenta quilómetros depois, o trio surge em Arcos de Valdevez, onde consumou o sequestro presenciado por uma testemunha que alertou a GNR. O grupo seguiu entretanto para a Galiza, através de Valença, tendo deixado para trás um dos seus elementos, que a imprensa espanhola diz ser um português. O mesmo que a GNR garantiu ser o suspeito que as autoridades espanholas procuravam, afinal, em Espanha.

Obrigado a levantar dinheiro
Esta sexta-feira, os diários galegos diziam mesmo que o carro de Veloso terá sido detectado quinta-feira, pelas 23h, numa gasolineira, em A Granxa, Porriño. Nele estariam três pessoas, que seriam os sequestradores e o médico que foi obrigado a levantar dinheiro das suas contas bancárias em terminais automáticos.

O médico é muito conhecido em Arcos de Valdevez. Trabalhou quase 30 anos no centro de saúde local, tendo-se reformado depois. Apesar disso, trabalha ainda para a Misericórdia local e para o Hospital Particular de Viana do Castelo, segundo a médica e vereadora da Câmara de Arcos de Valdevez, Belmira Reis.

“Trabalhei com ele 27 anos. Parece ter sido um acto fortuito. Eles queriam roubar um carro e encontraram-no”, disse. Também o presidente daquele município, João Manuel Esteves, havia garantido estar a acompanhar a situação com preocupação “através da GNR e do consulado em Ourense”.
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar