Os Estaleiros de S. Jacinto até à última pedra

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Este atelier no 1.ª Avenida é um sem-fim de papéis amarelados, mapas amarrotados, fotografias de outros tempos. No projecto "Jogos de Memória", Ricardo Novais Pereira persegue o passado, o presente e, quiçá, o futuro dos Estaleiros Navais de S. Jacinto, desactivados há vários anos, "completamente arruinados" de há dois para cá. Licenciado em Artes Plásticas pela FBAUP, prestes a ingressar num mestrado de Desenvolvimento em Projecto Cinematográfico, Ricardo decidiu investigar e documentar a história dos estaleiros a partir do momento em que os visitou. Primeiro pensou num filme, mas a grandeza e "riqueza" do local arrebataram-no. Seria uma "via limitada". Desatou assim, paralelamente, numa recolha de objectos e documentos que, diga-se, "já superou o próprio vídeo". Papéis e mais papéis, sacos, capacetes surripiados entre os destroços das várias vezes que fez a travessia de comboio-autocarro-ferry armado da Canon 60D (para filmar e fotografar). Com o tempo, a viagem ficou mais cara, a paisagem mudou. "Há uma corrida ao ferro; já destruíram os hangares, os pavilhões. Tenho sempre filmagens novas. Pode ser facilmente um filme até à última pedra." Quando parará? "Quando estiver satisfeito." Até os créditos estarem fechados, vai apresentando protofilmes, como o que roda agora no 2.º piso do edifício AXA. "Para mim é a forma de perceber qual é a reacção do público antes de o vídeo estar finalizado." Já lá vão uma mão cheia. Depois da residência de três meses, segue-se o mestrado em Lisboa, onde vai continuar o projecto. "Num dos documentos que encontrei nos próprios estaleiros percebi que havia uma delegação em Lisboa. Vou aproveitar para lá ir." Até à última pedra. AR

 

 

O P3 acompanhou alguns dos jovens artistas que durante três meses estiveram em residência no projecto 1.ª Avenida, instalado no Edifício AXA, na Avenida dos Aliados, no Porto. Todos os trabalhos podem ser visitados até 29 de Setembro.