Viseu tenta conquistar "berço" de Afonso Henriques, erguendo estátua ao rei

Monumento é a mais recentemente manifestação de apoio à tese de que o primeiro monarca nasceu nesta cidade, e não em Guimarães.

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A sepultura de D. Afonso Henriques está na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra. Já o local de nascimento continua a ser disputado. Paulo Ricca

Não será ainda suficiente para tirar a Guimarães o título de cidade-berço, mas Viseu vai ter uma estátua de homenagem a D. Afonso Henriques. Uma forma de afirmar publicamente a tese de que foi aqui que o monarca nasceu.

A obra  é da autoria do escultor Augusto Tomás e a ideia surgiu da vontade de um grupo de viseenses que constituiu uma comissão para avançar com o projecto. “Há que vincular à cidade uma estátua para reforçar que Viseu é o local de nascença de D. Afonso Henriques”, referiu esta quarta-feira Fernando Abreu, um dos elementos da comissão instaladora, na apresentação da obra.

A tese de que o primeiro rei de Portugal nasceu em Viseu surgiu depois de, em 1990, ter sido posta em causa a “tradição” de que Guimarães foi o “berço” do fundador da nacionalidade, dando, curiosamente, também Coimbra como um dos possíveis locais de nascimento do monarca. Entretanto, vários especialistas têm vindo a defender a tese avançada há 19 anos pelo historiador medievalista Almeida Fernandes, que editou a obra  Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques.

“Já passou tempo suficiente para se aceitar que Viseu foi a terra de nascimento de D. Afonso Henriques e, até agora, não houve académicos que provassem o contrário”, frisou Fernando Ruas, presidente da autarquia local. “Com este monumento, vamos dar isto como definitivamente conquistado”, sustentou.

Para o autarca, apesar da polémica lançada há cerca de cinco anos, não há qualquer guerra aberta com Guimarães sobre a nacionalidade de D. Afonso Henriques. “Guimarães é o berço da nação; Viseu, o local de nascimento do seu fundador”, argumentou. “Guimarães foi sempre muito elegante na forma como lidou com este assunto”, assinalou o autarca do PSD.

A estátua vai ser colocada numa das principais entradas da cidade de Viseu (na rotunda junto ao Palácio do Gelo) e está orçada em 20 mil euros. A comissão lançou agora uma campanha de angariação de fundos não só para ajudar no investimento, mas também para que a sociedade civil possa fazer parte do projecto. “Queremos que seja um monumento do povo, para o povo e feito pelo povo”, sustentou Fernando Abreu, adiantando já ter a indicação de muitas pessoas interessadas em participar.

O monumento é constituído por uma base de 5,5 metros em betão e revestido a granito sobre o qual será colocada a estátua feita de uma liga metálica dura (tipo malha de ferro). Nela, D. Afonso Henriques aparece com um corpo em forma de mapa de Portugal, mas sem a parte do Algarve que ainda não tinha sido conquistado, e a empunhar uma espada com quase cinco quilos. Um escudo e um coração vermelho com a palavra Viseu nele inscrito são outros dos elementos da obra que, para os seus criadores, simboliza também Viseu como o coração de Portugal.

A comissão espera inaugurar o monumento antes das eleições autárquicas, para que ainda seja o actual presidente da câmara a estar presente enquanto autarca.
 

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