Ministro da Educação diz que não permitirá que greve prejudique alunos

Nuno Crato classifica de “surpreendente” anúncio da greve de professores no primeiro dia de exames nacionais.

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Nuno Crato diz que alargamento obrigará a "novo recrutamento de professores de inglês no ensino básico" Miguel Manso

O ministro da Educação, Nuno Crato, garantiu nesta segunda-feira que o Governo tudo fará para que os alunos não sejam prejudicados nos exames pela anunciada greve dos professores, que considerou “estranha”.

“É uma declaração um pouco estranha, é um anúncio de greve, uma intenção de greve que surge por parte de alguns sindicatos sem ter havido um pedido de negociação, sem ter havido um outro aviso, sem se estar a meio de algum diálogo, portanto isto é um pouco surpreendente”, declarou.

O ministro, que falava em Trás-os-Montes, afirmou esperar que não se concretize a greve anunciada pelos sindicatos de professores para 17 de Junho, coincidente com o primeiro dia de exames nacionais do ensino secundário, mas vincou que não permitirá “que os alunos sejam prejudicados”.

Nuno Crato escusou-se a adiantar como garantirá a normalidade dos exames em caso de greve, nomeadamente se o Governo pondera recorrer aos serviços mínimos.

“A única coisa que eu posso dizer é o seguinte: nós esperamos que não haja greve, discutiremos o que for necessário discutir com os sindicatos e com os representantes dos professores, mas não podemos permitir que os nossos alunos sejam prejudicados. Tudo o resto são especulações”, reiterou.

Docentes fora da mobilidade
O ministro manifestou ainda abertura para o diálogo e adiantou ter agendada para esta semana “uma discussão com sindicatos no âmbito da reforma da Administração Pública” em que estará presente também o secretário de Estado da Administração Pública por causa da requalificação dos funcionários públicos.

O novo regime que o Governo está a preparar para reduzir o número de funcionários públicos abrange também os professores, mas o ministro da Educação afirmou estar a trabalhar para que “não haja professores” nessa lista.

“É isso que estamos a fazer em relação aos quadros de zona pedagógica, à fluidez do sistema, de forma a que as insuficiências lectivas de um local sejam colmatadas com professores que existam noutros locais, não muito longe, e que possam dar essas aulas e continuar a contribuir para o nosso sistema”, acrescentou. “Nós tudo faremos para evitar a mobilidade dos professores”, insistiu.

Nuno Crato referiu-se ainda ao processo negocial em curso do aumento do horário de trabalho na Função Pública para 40 horas semanais, afirmando que “os professores, na realidade, trabalham já 40 horas e muitos trabalham muito mais do que as 40 horas”.

“Porque os professores não estão só na sala de aula: corrigem testes, preparam aulas, fazem correcção de exames, têm uma actividade muito intensa. Muitos professores têm já mais de 40 horas de trabalho por semana”, concretizou.

O ministro da Educação falava na escola EB 2.3 de Macedo de Cavaleiros, onde visitou uma turma do ensino vocacional, uma via de formação que está a funcionar a título experimental em 13 escolas de Portugal e abrange “algumas centenas de alunos”, segundo o governante.
 

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