Paul Miller, o homem que viveu um ano sem Internet

Jornalista do “The Verge” decidiu tirar um ano sabático da Internet, porque o tornava “improdutivo” e lhe “corrompia a alma”

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Jessica Rinaldi/Reuters

No início de 2012, Paul Miller queria descansar da vida moderna. A Internet, afirmou o jovem no diário "I'm still here: back online after a year without the internet", corrompia-lhe a alma e tornava-o pouco produtivo, para além de que o deixava com pouco tempo para conviver com as pessoas reais. Mas Paul estava "errado".

O jornalista e editor do “The Verge”, site americano de tecnologia e media, tinha como ideia inicial deixar o trabalho, mudar-se para casa dos pais, ler e escrever mais.

No entanto, o portal americano decidiu pagar-lhe pela experiência, como se de uma reportagem se tratasse.

A “desintoxicação digital”

A 30 de Abril de 2012, Paul, aos 26 anos, desconectou-se da rede. Substituiu o seu iPhone por um telemóvel de primeira geração, começou a encontrar-se com pessoas de quem gostava, a fazer passeios de bicicleta e a ler literatura grega, para além de ter conseguido escrever metade de um romance.

Nos primeiros meses, só encontrava vantagens. A “desintoxicação digital” levou-o a perder sete quilos e a comprar roupa nova. Conseguiu entregar os artigos a tempo e até lhe havia acontecido algo inédito: chorou a ver "Os Miseráveis". Paul acreditava que se tinha convertido numa versão melhor dele próprio.

Ausência de contactos

Porém, as desvantagens também acabariam por aparecer: pouco tempo depois da decisão, o melhor amigo de Paul mudou-se para a China, assim como um colega mudou de trabalho. Não havia forma de ter notícias de nenhum deles.

Nesta segunda fase, Paul sentiu-se profundamente isolado e sem vida social. Mas, embora, desconfortável com a situação, o jovem cumpriu o desafio a que se propôs, fazendo a contagem decrescente com a ajuda da aplicação "Paul", criada especialmente para o efeito.

O dia 1 de Maio de 2013, às 12h00, marcou o seu regresso ao universo digital. Seguramente, “não terei tempo para escrever o meu livro” mas, pelo menos, “estarei conectado”, conta no "The Verge". “O mais importante", concluiu, "é encontrar um equilíbrio entre os benefícios da Internet e os prazeres da vida 'offline'”.

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