Acidentes domésticos continuam a ser a principal causa de morte infantil

O relatório do Instituto Nacional de Saúde (INSA) indica que dos acidentes com crianças até aos 14 anos, 36,4% ocorreram em casa, 22,7% na escola e 11,5% em actividades ao ar livre.

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A casa é o local onde acontecem mais acidentes Adriano Miranda

A Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) afirmou, nesta quinta-feira, que tem diminuído a mortalidade e os internamentos de crianças devido a acidentes domésticos e de lazer, mas ainda assim continuam a ser a maior causa de morte até aos 18 anos.

Um relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) refere que, em 2012, as crianças até aos 14 anos foram as maiores vítimas de acidentes domésticos e de lazer, representando 41,5% do total dos acidentados.

A maior parte dos acidentes (36,4%) ocorreu em casa, 22,7% na escola e 11,5% em actividades ao ar livre, refere o relatório do INSA, que recolhe dados nos serviços de urgência sobre acidentes domésticos e de lazer.

Em declarações à agência Lusa, Sandra Nascimento, presidente da AAPSI, adiantou que os acidentes são a maior causa de morte, de incapacidades, de internamentos e de idas às urgências nas crianças e jovens, estando identificados como “o maior problema de saúde pública”.

“No que diz respeito ao número de mortes e internamentos, tem havido uma redução do número de casos, mas ainda têm um peso muito grande, sendo a maior causa de mortes e internamentos”, sublinhou Sandra Nascimento.

Para Sandra Nascimento, os dados recolhidos pelo INSA são “sempre importantes porque dão informação sobre como as coisas acontecem com as crianças”, indicando uma tendência já conhecida: muitos dos acidentes acontecem em casa.

Os dados indicam que 36,4% dos acidentes com crianças até aos 14 anos ocorreram em casa, mas "se fossem considerados apenas até aos cincos anos, esse número subia para 80%", disse a presidente da Associação.

“Muitos dos acidentes com crianças acontecem em ambientes construídos como a casa e a escola, que muitas vezes não tem em conta a sua utilização pelas crianças”, adiantou.

Dentro das quedas, as mais graves são as que acontecem de alturas superiores, nomeadamente varandas, escadas e janelas, que “muitas vezes tem a ver com a forma como o espaço é construído”.

Sandra Nascimento disse que há questões que podem relacionar-se com o comportamento dos pais, mas no que respeita à casa, os acidentes mais graves devem-se à construção da habitação.

“Muitas vezes os acidentes com as crianças mais pequenas acontecem porque o ambiente não teve em conta as suas características”, explicou.

A APSI tem solicitado “há muitos anos” que sejam integrados no regime geral das edificações urbanas requisitos específicos para as guardas em varandas, para evitar que as crianças caiam.

Um estudo da Associação refere que, entre 2000 e 2009, 104 crianças e jovens morreram devido a uma queda e 40.000 foram internadas, tendo a maioria dos incidentes ocorrido em casa e na escola.

Para a Associação, a criação e manutenção de ambientes e produtos seguros para as crianças e jovens são fundamentais para a redução da sua exposição ao risco de quedas graves. Por isso, considera como medidas fundamentais a colocação de guardas eficazes nas varandas e terraços (não escaláveis e difíceis de transpor ou gerar desequilíbrios), de limitadores de abertura nas janelas (abertura máxima 9 cm) e cancelas em escadas (no topo e em baixo).

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