Passos recusa ideia "de que está tudo feito e de que a crise acabou"

Primeiro-ministro diz que emissão da dívida teve resultados encorajadores, mas sublinha que Portugal tem pela frente "caminho difícil e estreito".

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Passos Coelho Rafael Marchante/Reuters

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu neste sábado que Portugal obteve resultados de emissão de dívida "encorajadores", mas que é preciso afastar "a ideia de que está tudo feito e de que a crise acabou".

Em declarações aos jornalistas, num hotel de Santiago do Chile, onde se encontra para participar na Cimeira União Europeia/Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), Pedro Passos Coelho considerou que Portugal está agora "numa fase qualitativamente diferente", mas ainda tem pela frente "caminho difícil e estreito" de correcção de desequilíbrios.

"Ainda temos caminho para fazer. Os resultados que tivemos até hoje são muito importantes e são, desse ponto de vista, encorajadores, mas a ideia de que está tudo feito e de que a crise acabou, de que não precisamos de ter disciplina orçamental e de que não precisamos de ter cuidado com as reformas que estamos a empreender seria uma ideia perigosa que eu quero aqui afastar", afirmou o primeiro-ministro, depois de ser questionado sobre a possibilidade de haver um alívio da austeridade.

"Nós seremos, durante os próximos meses, testados pelos mercados para saber se realmente mantemos o caminho que temos vindo a seguir, se estamos determinados em alcançar as metas para o nosso défice. Sabemos que a nossa correcção de contas públicas tem vindo a ser notável, sobretudo ao nível externo, mas precisamos de manter esse rumo", acrescentou.

Segundo o chefe do Governo, a "emissão bem-sucedida" de dívida pública a cinco anos realizada na quarta-feira assinala "um primeiro marco de reconhecimento externo, formal, oficial" do percurso feito por Portugal.

Passos Coelho apontou como "grande meta" do executivo colocar Portugal numa "fase diferente", não centrada "no ajustamento, e, portanto, na austeridade, na correcção dos desequilíbrios", mas sim "nas condições de crescimento da economia e do emprego".

No seu entender, contudo, o passo dado na quarta-feira - "aproveitando as boas condições europeias" - foi apenas "o início de um processo que ainda será um processo demorado".

O primeiro-ministro disse ainda que os portugueses "sabem quais são os objectivos para o défice este ano, quais são os objectivos do próximo ano, qual é a trajectória para a dívida pública e para a despesa pública que defendemos até 2016".

Por outro lado, lembrou o compromisso de redução da despesa pública em 4000 milhões que o Governo assumiu com a 'troika' no ano passado.

"Precisamos de mostrar continuamente a nossa grande determinação e a coragem dos portugueses para alcançar esses objectivos", concluiu.
 

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