Prémios AICA 2011 para o artista plástico João Queiroz e para o arquitecto Miguel Figueira

Decisão, do júri, tomada por unanimidade

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João Queiroz, "uma complexa, mas muito necessária, investigação sobre a pintura e o desenho", segundo o júri Daniel Rocha

O artista plástico João Queiroz, 55 anos, nascido em Lisboa, e o arquitecto Miguel Figueira, 43 anos, nascido em Coimbra foram distinguidos com os Prémios da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA). A decisão do júri foi tomada por unanimidade.

Os prémios AICA/SEC/Millennium BCP,  relativos ao ano passado,  no valor de 20 mil euros são partilhados em partes iguais pelos galardoados, que são distinguidos por serem personalidades cujo percurso profissional “seja considerado relevante pela crítica, e cujo trabalho tenha estado particularmente em foco no ano a que diga respeito”.

O júri desta edição, constituído por Raquel Henriques da Silva, Sérgio Mah, Jorge Figueira, Diogo Seixas Lopes e pelo actual presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA),  Delfim Sardo, que revelou os nomes dos vencedores esta quarta-feira à agência Lusa,  destacou a exposição antológica Silvae, de João Queiroz,  patente na Culturgest, em Lisboa, entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011.

Considerou que  a exposição “foi a plena confirmação de um dos percursos mais singulares e consistentes do panorama da arte contemporânea portuguesa das últimas duas décadas”, tal como se lê na justificação da atribuição do prémio. “Através do desenho e da pintura, João Queiroz tem desenvolvido uma complexa, mas muito necessária, investigação sobre a pintura e o desenho como campos de experiência sensível da percepção e do conhecimento”.

Este artista plástico, em actividade desde os anos 1980, está representado nas colecções de arte da Caixa Geral de Depósitos, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Colecção António Cachola, entre outras. "Por entre o exercício da visão, do corpo e do intelecto, a obra de João Queiroz explora a relação do sujeito com as coisas, com os sentidos e os gestos, afirmando o desenho e a pintura como modos únicos e insubstituíveis de experienciar, ver e pensar", considera o júri. 

Sobre Miguel Figueira, arquitecto da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, o júri destacou que “desenvolveu nos últimos anos um trabalho exemplar" que  “demonstra que a prática da arquitectura no quadro público pode melhorar as condições para a comunidade local, mas também lançar programas de impacto global, como é o caso do Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho”. Concluído em 2011, “o centro garantiu para a região um equipamento de excelência, palco de Campeonatos Europeus de Canoagem”, sublinhou ainda o júri sobre o trabalho realizado por Miguel Figueira, formado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1993. "O entusiasmo e a persistência, aliados ao rigor conceptual e construtivo que o conjunto das suas obras denota, fazem de Miguel Figueira um caso singular”, conclui o júri.

 Este arquitecto colaborou com o Atelier Bugio e Pedro Maurício Borges em Lisboa e entre 1997 e 2002 coordenou o Gabinete Técnico Local de Montemor-o-Velho, onde vive e trabalha no Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal. Em 2011 recebeu o Prémio MovimentoMilénio pelo projecto CIDADESURF, um estudo sobre o potencial urbano da orla costeira da Figueira da Foz. “Este prémio mostra que vale a pena pensar a cidade e fazer arquitectura no interesse da comunidade. Desenhar com todos e para todos”, reagiu Miguel Figueira à Lusa depois de saber que lhe tinha sido atribuído o prémio. “Penso que trabalhar numa câmara municipal acaba por ser um elemento diferenciador [na atribuição do Prémio]. E também distingue a excelência do trabalho que se faz na administração pública”, acrescentou o arquitecto responsável pela reabilitação e recuperação do centro histórico de Montemor-o-Velho.

A Secretaria de Estado da Cultura (SEC) retirara o apoio financeiro devido aos cortes orçamentais (com a cessação do protocolo com Direcção-geral das Artes), mas à semelhança do que acontece já com outros prémios, como o BES Photo (40 mil euros), o EDP Novos Artistas (10.500 euros), ou o Secil Arquitectura (50 mil euros), a AICA conseguiu o apoio de privados, neste caso da Fundação Millennium BCP. A participação da fundação é de 15 mil euros, sendo que os outros 15 mil, que incluem não só o valor dos prémios como o custo de produção e organização, ficaram a cargo da SEC.

Assim foi possível manter os 20 mil euros de prémio ao contrário do  anunciado em Maio. E os Prémios AICA, que foram instituídos há trinta anos para distinguir anualmente criadores das áreas das artes plásticas e da arquitectura, passaram a chamar-se  Prémios AICA/SEC/Millennium BCP. “Este ano o prémio é anunciado um pouco mais tarde devido à mudança de direcção na AICA e também na tutela da cultura, mas mantém o valor pecuniário e a mesma filosofia de ser escolhido por um júri independente”, disse Delfim Sardo à Lusa. 

Em 2010, os premiados foram a artista plástica Lourdes Castro e o arquitecto Francisco Castro Rodrigues.

 

 

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