Cultura não comenta movimentações em volta da Colecção Berardo

Berardo reconhece que colecção está hipotecada, mas desvaloriza.

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Berardo, Sócrates e Pires de Lima na assinatura do protocolo, em 2006 Luís Ramos

A Secretaria de Estado da Cultura não confirma nem desmente a existência de contactos com o negociante em arte nova-iorquino Ezra Chowaiki que, segundo uma notícia da edição deste sábado do Expresso, estará interessado na aquisição das 862 peças que compõem a Colecção Berardo e terá já feito uma proposta ao Estado português.

Contactado pelo PÚBLICO, Rui Boavida, assessor do Secretário de Estado da Cultura (SEC), limitou-se a dizer que “não haverá comentários”. Na notícia avançada ao Expresso pelo coleccionador Joe Berardo, explica-se que, nas negociações com Chowaiki, estará envolvida não só a SEC mas também as Finanças. Berardo afirma ter tido acesso a uma carta que Jorge Barreto Xavier (SEC) e Manuel Luís Rodrigues (Finanças) assinaram e enviaram aos presidentes dos bancos junto dos quais a colecção está hipotecada.

Berardo reconhece assim, pela primeira vez, a existência da hipoteca. Mas desvaloriza, referindo que “é a mesma coisa que estar a pagar o empréstimo da casa ao banco todos os meses” e que tal não legitima quaisquer acções do Estado no sentido de uma venda sem o seu conhecimento: “Quer o Estado queira quer não, até 2016 nada pode ser vendido.”

2016 é o último ano do acordo de empréstimo da Colecção Berardo ao Estado português. Findo esse prazo, Portugal tem direito de opção de compra da colecção pelos 316 milhões de euros por que foi avaliada em 2006, data da assinatura do acordo de empréstimo entre o coleccionador madeirense e o Estado, à época representado pelo primeiro-ministro José Sócrates e a ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.

Ao Expresso, Berardo sublinhou: “Provavelmente, acham que podem fazer dinheiro com a colecção, comprando-a por 316 milhões e vendendo-a a seguir por mais. Esquecem-se é que o acordo que assinei com eles diz que ela nunca poderá sair do país, tem de ficar em Portugal.”

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