"Geocaching": brincar à caça ao tesouro com o resto do mundo

Com o "geocaching", o tesouro pode estar em qualquer sítio e quem manda é o GPS. Há quem seja totalmente viciado, a ponto de escalar montanhas

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No mundo, espalhadas por 221 países, há mais de um milhão de caches cachemania/Flickr

Josué Costa e Cristina Jesus, ou a equipa J_C, já se levantaram às 2h00, de pijama, para serem os primeiros a encontrar um recipiente perto de casa e a registar a descoberta no "logbook". Desde que jogam "GeoCaching" — começaram em 2011 — já foram os primeiros a encontrar o tesouro 24 vezes. Nesta altura, estavam na fase "papa-FTF". Mas não são os piores, há quem atravesse grutas ou escale montanhas ou suba chaminés para atingir as geocaches.

Mas passemos às explicações: o "GeoCaching" é nada mais do que uma caça ao tesouro no mundo real, através de coordenadas GPS, onde o objectivo é encontrar "geocaches". Os pequenos tesouros podem ser de vários tipos, mas são normalmente pequenos recipientes (às vezes até mesmo "tupperwares") ou objectos enquadrados no contexto: desde caracóis inanimados, a parafusos falsos ou búzios de plástico.

Mais de um milhão de caches

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Estima-se que no mundo existam mais de cinco milhões de GeoCachers Michael Sanger/Flickr

Nas "geochaches", que podem ser praticamente tudo, há sempre algum retorno ao "caçador". O código está sempre lá, de modo a que o jogador possa registar a descoberta no site, mas também há algumas que escondem diários de bordo, onde todos deixam a sua marca, ou até lembranças, como canetas ou moedas — que devem sempre ser substituídas por alguma coisa de igual valor, ou superior. Portugal escondia, em 2011, 14 mil "geocaches". No mundo, espalhadas por 221 países, há mais de um milhão.

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Os pequenos tesouros podem ser de vários tipos, normalmente objectos escondidos no contexto sean_carney/Flickr

Josué e Cristina adoram "cachar", como chamam ao acto da procura de "caches", no Porto. Graças à "brincadeira", já "conhecem a cidade de uma ponta à outra" e já descobriram mais de mil "caches". Do Parque da Cidade ao Estádio do Dragão, passando pela Casa da Música, o Jardim de São Lázaro ou a Sé, já encontraram "caches" em praticamente todos os locais emblemáticos da cidade.

O que os atrai na modalidade é a aventura da descoberta do recipiente bem dissimulado, é "o facto de estares, por exemplo em plena rua de Santa Catarina em hora de ponta, à procura da "cache", e teres um comportamento estranho no meio de tantos 'muggles'. Tens de arranjar estratégias para a procurares sem seres descoberto", conta Josué.

"Muggles" é a expressão da saga do Harry Potter com que os "GeoCachers" identificam quem não pratica a modalidade, mas não é a única. Praticar "GeoCaching" é entrar numa nova realidade em que se adopta também uma nova forma de expressão. Neste momento, há cerca de 17 mil "GeoCachers", só em Portugal, e mais de 5 milhões no resto do mundo.

De "muggle" a "geoCacher"

É simples mas não é fácil passar de "muggle" a "GeoCacher", mas as razões são muitas. Josué fala da "descoberta de novos locais" e dá o exemplo das férias na Figueira da Foz, em que "conheceu melhor a cidade graças ao jogo"; da adrenalina da caça aliada ao "teste dos limites físicos e psicológicos" e da criação de um novo grupo de amigos.

Para começar, o primeiro passo é o registo no site, que dá acesso às coordenadas de todas as "caches" do mundo. Depois, basta descarregá-las directamente para um GPS e partir à descoberta. A cada "cache" encontrada, deve voltar ao site e partilhar o tesouro e a experiência. Mas esta é a parte prática. Antes de sair à "caça", há que saber as informações básicas, decorar os mandamentos e aconselhar-se com outros praticantes. E não é difícil: há eventos por todo o país que reúnem os GeoCachers.

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