Protestos vão sentir-se mais nos transportes e nos serviços públicos

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Apenas 50% de 11 carreiras da Carris estarão asseguradas Foto: José Fernandes
CP com operação a 10%

O acórdão de serviços mínimos da CP limita a 10% a operação da empresa, estando assegurados apenas 145 comboios dos quase 1500 que circulam num dia normal. Na rede urbana de Lisboa, haverá apenas 69 ligações. E, no Porto, 24 comboios. Estão previstas 40 ligações regionais e apenas duas de longo curso. Poderão circular mais comboios, mas tudo dependerá da adesão dos trabalhadores. José Manuel Oliveira, presidente Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, afirmou que com "os cortes que os trabalhadores irão sofrer por via da Lei do Orçamento de Estado de 2013", com "a alteração ao código do trabalho" e "os aumentos dos impostos previstos para o próximo ano" é natural que estejam disponíveis e com vontade para fazer parte da greve geral.

Autocarros, metro e barcos

O metro em Lisboa, que costuma contar com uma média diária de 500 mil validações de bilhetes, irá fechar, à semelhança do que ocorreu em greves passadas, já que não foram definidos serviços mínimos. No Porto, a circulação também ficará condicionada, estando garantido o serviço na linha amarela, entre o Hospital S. João e Santo Ovídio, e entre a Estação da Senhora da Hora e a Estação do Estádio do Dragão, no tronco comum às linhas azul, vermelha, verde, violeta e laranja. Já nos autocarros, os serviços mínimos da STCP, que opera a rede no Porto, reduziram a 10% a operação diurna e nocturna. Serão asseguradas as cinco ligações feitas de madrugada. Por Lisboa, a Carris operará a 50% 11 carreiras (703, 735, 736, 738, 742, 744, 751, 758, 759, 760 e 767). Nas ligações fluviais no Tejo, foram definidas 40 circulações obrigatórias.


Apenas três ligações por ar

Nesta quarta-feira serão assegurados apenas três voos: Lisboa-Terceira, Lisboa-Ponta Delgada e Lisboa-Funchal, de acordo com os serviços mínimos definidos. Além disso, terão de ser asseguradas todas as ligações de emergência e militares. A TAP informou que cancelou 200 dos 350 voos programados. Sete sindicatos entregaram pré-avisos de greve, de pessoal do handling a tripulantes de cabine, contra a situação do sector e a privatização da ANA e da TAP. "Há a expectativa de que a grandeza da adesão à greve possa aumentar face ao passado. O contrário é que seria estranho", afirmou José Simão, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos.


Serviços do Estado parados

Bettencourt Picanço, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (UGT), tem "boas expectativas" em relação à adesão à greve. Segurança Social e saúde são os sectores onde as expectativas são mais elevadas. Estas são as áreas, além da Educação, onde Luís Pesca, dirigente da Federação de Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (CGTP), espera maiores adesões. O encerramento de escolas é quase certo, assim como "perturbações graves" nos hospitais, centros de saúde e serviços de segurança social. A federação espera uma resposta significativa por parte dos trabalhadores das Misericórdias e IPSS.


Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), diz mesmo que prevê "o encerramento de milhares de instituições [de ensino] por todo o país", perante as "medidas duríssimas" impostas pelo Governo. Já na saúde, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, antevê que mais trabalhadores vão aderir a esta greve do que à paralisação de Março. José Carlos Martins acredita que haverá "serviços que potencialmente serão fechados", dependendo da sua importância e da adesão à greve.

O responsável referiu que os enfermeiros estão insatisfeitos com a pretensão do Ministério da Saúde de cortar 50% das horas de turnos e com a decisão de adiar a idade da reforma para os 65 anos. Várias repartições de finanças também deverão fechar, segundo as previsões de Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. "Existirão serviços que irão encerrar", graças à insatisfação que se vive no sector, em parte justificada pela "ausência de um diploma de carreira", disse.

Portos: mais um dia de greve

Os trabalhadores dos portos portugueses têm decretados várias greves desde o início do ano, mas a partir de Setembro o ritmo tem sido mais constante. Esta quarta-feira não será excepção, com uma "adesão maciça, como já é hábito neste sector, perto dos 100%", referiu Vítor Dias, secretário-geral do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal. O responsável afirmou ao PÚBLICO que julga que "mesmo sem o pré-aviso, os portos iriam parar completamente".


Correios sem estações

Ao contrário do que tem acontecido em anteriores greves, o tribunal arbitral do CES decidiu que por se tratar de um único dia de greve não se justifica a abertura de uma estação de correio por município. Por isso mesmo, "as necessidades sociais impreteríveis" serão garantidas com a distribuição de telegramas, de vales postais da Segurança Social e de correspondência que "titule prestações por encargos familiares ou substitutivas de rendimentos de trabalho", desde que devidamente identificados, refere o acórdão. A recolha, tratamento, expedição e distribuição de correio e de encomendas com medicamentos ou produtos perecíveis também serão assegurados.


Comércio com fraca adesão

O sindicato do sector não espera uma elevada adesão à greve mas, no contacto que tem feito com os trabalhadores, garante que há "maior predisposição" e vontade em aderir. "Há receio em perder o emprego e a questão salarial também pesa. São trabalhadores que ganham pouco mais do que o salário mínimo e um dia de greve é muito dinheiro", disse Manuel Guerreiro, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.


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