Passos Coelho cita “Os Lusíadas” para defender que “há ventos favoráveis a soprar”

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O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, citou hoje “Os Lusíadas” para defender que, apesar de não poder ser subestimada, “a corrente em que o navio português foi posto”, há “ventos favoráveis a soprar” nas suas velas.

Passos Coelho falava numa homenagem a Adriano Moreira, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, onde foi vaiado à saída por um grupo de estudantes, em que sobressaiu uma jovem que lhe gritou que não queria emigrar e que o Governo não tirasse mais dinheiro aos seus pais.

“Não tire mais dinheiro aos meus pais”, gritou a jovem, que estava no topo de uma escada por onde o primeiro-ministro passou sem parar.

Na homenagem a Adriano Moreira, Passos Coelho citou a estrofe 66 do Canto V da Epopeia Portuguesa, de Luís Vaz de Camões, a terminar a sua intervenção.

“Camões fala-nos aqui de uma corrente que nos arrasta para trás e que é mais poderosa do que os ventos que nos impelem para a frente. Mas hoje em Portugal, se é certo que não podemos subestimar a corrente em que o navio português foi posto - até porque estamos todos os dias a sentir dolorosamente a sua força -, também temos de reconhecer que há ventos favoráveis a soprar nas nossas velas”, defendeu.

“E serão ventos mais favoráveis quanto mais firmes, quanto mais hasteadas, quanto mais resistentes forem as nossas velas: as velas da nossa economia, das nossas leis, das nossas instituições; mas também da nossa vontade e da nossa determinação”, concluiu.

Passos Coelho disse que tendo em conta o “muito que se diz sobre a situação actual do país” e a dimensão das “dificuldades”, por vezes parece que Portugal se encontra “naquela situação descrita nos Lusíadas a propósito da frota portuguesa que cruzava o Oceano Índico, depois de já ter percorrido um longo caminho, mas ainda sem avistar a Índia”.

“Diz assim o poeta: ´Daqui fomos cortando muitos dias/Entre tormentas tristes e bonanças/No largo mar fazendo novas vias/Só conduzidos de árduas esperanças./C’o mar um tempo andámos em porfias/Que, como tudo nele são mudanças/Corrente nele achámos tão possante/ Que passar não deixava por diante’”, citou.

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