Diário de bordo, parte 1: de Lisboa ao Kruger Parque

A chegada ao Pestana Kruger Lodge é absolutamente memorável. Da varanda do hotel, sobre o rio Crocodilo podemos ver, como que a dar-nos as boas vindas, uma manada de elefantes de passagem e vários hipopótamos dentro de água

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João Araújo

Como muitas pessoas da minha idade, cresci a ver os programas da BBC Vida Selvagem e as séries da National Geographic. Finalmente, a 9 de Agosto de 2012, ia realizar um sonho: ir a África fazer um safari. Primeiro destino? Kruger Parque, a maior área de conservação da vida selvagem da África do Sul. Aterrámos no Aeroporto Internacional de Maputo às 21h30, hora local, depois de mais de 10 horas de viagem.

“Bem-vindos a Maputo!”, disse o motorista com um sorriso que se viria a revelar constante nos moçambicanos, depois de entrarmos no mini-bus com destino ao Southern Sun Hotel, na avenida Marginal, com vista para o Oceano Índico. Nunca tinha estado em Moçambique, mas rapidamente me apercebi daquilo que muita gente fala: a hospitalidade das pessoas, que não só sabem receber como adoram conversar.

A primeira impressão da capital moçambicana à saída do aeroporto foi um bocado chocante. A pobreza, o lixo e os esgotos a céu aberto são constantes.

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Elefantes vistos da varanda do Pestana Lodge João Araújo

Acordar em Maputo é, no entanto, uma agradável surpresa: estão 25 graus, mais do que se previa para o dia. O Inverno moçambicano prolonga-se entre os meses de Abril e Setembro, mas as temperaturas podem chegar aos 30 graus. Tomámos o pequeno-almoço com a praia, rodeados por palmeiras a uma dúzia de passos de distância.

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Vista do Southern Sun Hotel em Maputo João Araújo

“Há um pequeno contratempo com o meio de transporte,” informa-nos a empresa que nos ia levar de Maputo ao Kruger Parque. Os dois motoristas chegam ao Southern Sun com uma hora e meia de atraso. Em circunstâncias normais seria de esperar que viessem com alguma pressa e que dessem uma explicação mas, pelo contrário, não podiam estar mais tranquilos. Tal é a calma que ainda há tempo para parar em plena Avenida 24 de Julho – uma das mais agitadas da cidade – para ir buscar um extintor. Explicação: “A lei [da África do Sul] obriga!” A viagem de cerca de 150 quilómetros durará entre duas a cinco horas, dizem-nos, com o ar mais natural do mundo.

  

O motorista carrega no acelerador e quase somos multados antes de entrarmos na África do Sul. Atravessar a fronteira de Ressano Garcia a Lebombo é uma experiência e não pude deixar de sentir um misto de ansiedade e entusiasmo. O contraste entre um país e o outro é logo visível, não só pela paisagem – abundância de terrenos agrícolas –, mas também no que toca ao desenvolvimento da África do Sul. O Kruger Parque está cada vez mais perto, cerca de 80 quilómetros, mas ainda há tempo para sermos surpreendidos com mais um desvio inesperado. Desta vez é para um dos motoristas fazer um depósito bancário num banco sul africano. Surreal. A viagem acaba por durar três horas e meia.

A chegada ao Pestana Kruger Lodge é absolutamente memorável. Da varanda do hotel, sobre o rio Crocodilo podemos ver, como que a dar-nos as boas vindas, uma manada de elefantes de passagem e vários hipopótamos dentro de água, de onde só saem ao entardecer para comer. Acabámos de chegar à savana, mas já estou completamente rendida com as cores da paisagem verde-amarelada, encantada com a paz deste sítio e com a sensação de estar isolada do mundo.

  

Só temos tempo para um almoço rápido, deixar as malas nos quartos e entrar no jipe já de máquina fotográfica na mão. Antes de arrancarmos o ranger alerta-nos para as regras principais: não fazer barulho nem movimentos bruscos. O safari vai começar. Fiquem atentos...

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