Benfica empata em Coimbra num jogo com três penáltis

O desalento de Cardozo
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O desalento de Cardozo Foto: Francisco Leong/AFP
Benfica no chão, Maxi Pereira fez o primeiro penálti do jogo
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Benfica no chão, Maxi Pereira fez o primeiro penálti do jogo Foto: Francisco Leong/AFP

O Benfica voltou a travar a fundo em Coimbra. Teve tudo para ganhar. Jogou a partir dos 50 minutos com mais um elemento. Mas desperdiçou em demasia. Teve um Cardozo desesperante e pela frente um guarda-redes em alta. O jogo acabou num empate (2-2). Com três grandes penalidades e um grande, grande golo de Lima. Os homens da Luz, tal como na época passada, voltam a perder terreno em Coimbra.

Muitas cadeiras vazias no Municipal de Coimbra para assistir a uma partida de um dos grandes. Um cenário foi desolador. Tal como foi incómodo o início da partida para o treinador Jorge Jesus. Do banco viu algo de quase inexplicável. Viu a sua equipa entrar em campo de forma exemplar, a explorar os lançamentos pelas linhas laterais. De forma a sufocar o adversário. Com Bruno César pela esquerda, a aproveitar um bom entendimento com Rodrigo e, ainda, Enzo Perez, que até jogou no miolo a conseguir uma arrancada espectacular pela esquerda. Mas nem o adepto mais apaixonado da formação de Coimbra esperaria, por certo, tantas benesses do adversário.

No primeiro lance (3’), o argentino foi à linha, colocou em Óscar Cardozo que se encontrava só a dois metros da linha de golo, mas o remate do uruguaio de forma incrível foi à barra. Inacreditável. Os homens da Luz repetiram a dose logo a seguir. Agora com Bruno César a oferecer um golo a Rodrigo. Mas o brasileiro naturalizado espanhol atirou inexplicavelmente ao poste. Tentou redimir-se depois com uma boa assistência para Cardozo que, isolado, limitou-se obrigar Ricardo a uma boa defesa.

Estes lances forçaram Pedro Emanuel a concluir que tinha preparado a receita errada para defrontar os homens da Luz, com uma equipa com as linhas demasiado recuadas, a convidar o adversário a aproveitar o seu forte potencial pelas alas. Ordenou uma subida dos seus homens. Cleyton mais apoiado sentiu-se finalmente minimamente confortável para dar início à primeira formação de jogo. Makelele, então, teve finalmente possibilidade de ocupar o campo, tirar partido da sua qualidade de sair para o ataque e pautar o jogo. O aparente disparate que tinha sido colocar Marinho na esquerda, em vez de lhe dar oportunidade de explorar as faladas debilidades defensivas de Melgarejo. E o jogo mudou. O Benfica continuou a ter mais volume de jogo, mais bola, mas muito menos intensidade. E, aos 24, pagou por todos os seus pecados antigos. Uma falta de Maxi sobre Makelele (dentro ou fora da área, ficaram dúvidas) e Salim Cissé (que curiosamente substituiu Edinho) converteu a grande penalidade.

Jesus procurou inverter o rumo do jogo. Nolito ocupou o lugar de Bruno César. Uma aposta num elemento com capacidade de fazer diagonais e forte poder de fogo. E os resultados vieram cedo por culpa das fragilidades da defesa da Académica. A briosa permitiu, aos 48’, tudo a Salvio que entregou a bola a Nolito. O espanhol rematou e Rodrigo Galo cortou com a mão. Grande penalidade. Cardozo converteu. Mas o árbitro, se numa primeira fase esteve bem, exagerou ao expulsar o jogador da equipa da casa, bastava o amarelo.

Com espaço, apareceu o talento dos benfiquistas que já se tinha notado na primeira parte. A equipa teve arranques estonteantes pela direita que, por si só, iam destroçando por completo a resistência do adversário.

Jesus apostou ainda mais. Resolveu dar mais iniciativa e criatividade ao meio-campo com a entrada de Aimar para o lugar de Enzo Perez, que ainda não tem capacidade para comandar o miolo de uma equipa com as necessidades do Benfica.

E quando os poucos adeptos presentes no estádio esperavam que o Benfica partisse finalmente para uma vitória com alguma tranquilidade, apareceu algo de surpreendente. Hélder Cabral, aos 70’, entra em fintas na área, Garay tenta o corte e deu ideia de que toca na bola e no adversário. O árbitro assinalou grande penalidade e Wilson Eduardo marcou.

O momento grande, porém, veio de um homem que estava no banco. De Lima. O brasileiro, aos 85’, recebeu a bola, rodou e arrancou um míssil que só parou nas redes. Um instante brilhante.

POSITIVO
Lima e Salvio
O primeiro marcou um golo que evitou um prejuízo maior. Foi um golo de levantar o estádio. O segundo, a partir do momento em que teve espaço, quase desfazia a resistência dos homens da casa e parecia encaminhar o Benfica para a vitória.
Ricardo
Um punhado de defesas que ajudaram a segurar o resultado e um empate. Defendeu aquilo que havia para defender.

NEGATIVO
Óscar Cardozo
O avançado do Benfica foi a imagem de um Benfica que falhou, falhou, falhou. Uma das oportunidades, simplesmente ridícula. Lima mostrou-lhe, quando entrou, como se deve fazer.
Público
Menos de nove mil pessoas no estádio é um cenário desolador. A crise parece estar a atacar o futebol, em que os adeptos parecem já nem conseguir ver ao vivo os designados grandes.

Notícia actualizada às 23h10

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