Sá Pinto equivoca-se demasiado

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Sá Pinto Foto: Vincent West/Reuters

1. Em seis jogos, o Sporting segue com apenas uma vitória, conseguida frente aos anónimos dinamarqueses do Horsens. Os adeptos afastam-se e os poucos que ontem foram a Alvalade tiveram razão para assobiar no fim. Porque é inadmissível a falta de concentração de Xandão (que falta faz Boulahrouz...) no lance em que acabou expulso e deixou a equipa leonina 40" em inferioridade numérica, porque a equipa revelou falta de maturidade e sabedoria táctica para lidar com as contrariedades e porque este Basileia é mais fraco do que outros que foram batidos nos últimos anos pelo Sporting - é campeão suíço, mas segue em quarto e com o lugar do treinador em perigo. Se o treinador leonino se chamasse Paulo Sérgio, Carlos Carvalhal ou até Domingos (continua a receber do Sporting...), em vez de Sá Pinto, a revolução estaria iminente em Alvalade. Sá Pinto equivoca-se demasiado.

2. As ligeiras melhorias do Sporting durante a primeira parte resultaram, essencialmente, do facto de Sá Pinto ter abdicado, finalmente, do duplo pivot e ter invertido o triângulo. Gelson passou a ser o único "trinco" (o que até favoreceu as suas características) e Elias subiu para a posição 8, o que facilita a apetência para surgir na área adversária. Mas os lucros não se ficaram por aí, porque, com Izmailov na mesma linha do brasileiro, o Sporting ganhou capacidade e organização ofensiva. O russo tem critério e qualidade para definir, tendo sido responsável pela generalidade dos desequilíbrios criados no interessante período inicial. Nesta fase, Carrillo começou por confirmar o bom momento que atravessa, mas foi-se apagando, enquanto a Capel já nem os cruzamentos saem bem.

3. Na jovem equipa do Basileia notam-se as saídas de Xhaka e, principalmente, de Shaqiri, vendidos por bom dinheiro para o futebol alemão. No habitual 4x4x2, dependeu em demasia de Stocker e da velocidade de Salah, um egípcio de apenas 20 anos que deixou boa nota.

4. Mesmo no seu melhor período, em que teve três chances de golo, o Sporting baixava em demasia as suas linhas (o que cedo exasperou as bancadas) quando perdia a bola. Isso até seria compreensível se a ideia fosse apostar nas transições rápidas, coisa que o Sporting nunca tentou fazer, dando sempre tempo para que o Basileia se reposicionasse.

5. Na resposta à expulsão, e já depois de o Basileia ter criado duas boas oportunidades (incluindo a "bomba" de Cabral à trave), Sá Pinto abdicou do médio que mais pressionava (Elias). Tão ou mais grave, começou por deixar Izmailov (e depois André Martins) na mesma posição em vez tentar atenuar a inferioridade numérica com a colocação dos dois médios na mesma linha.

6. Curiosamente, foi já na parte final (e com menos um homem...) que o Sporting foi finalmente capaz de pressionar alto, o que só vem provar que a opção resulta mais do modelo de jogo do que da falta de agressividade de quem joga.

7. Com o actual plantel, o Sporting tem obrigatoriamente de produzir muitíssimo mais. bprata@publico.pt

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