CMVM pediu informações extra sobre vendas de Witsel e Hulk devido a “dúvidas colocadas publicamente”

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As transferências de Hulk e Witsel levantaram dúvidas Foto: Alexander Demianchuk/Reuters

A Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) pediu informações adicionais sobre as vendas dos futebolistas Witsel e Hulk ao Zenit com base em "dúvidas colocadas publicamente" sobre os dois negócios, disse neste sábado o presidente do organismo.

Carlos Tavares, que falava depois de ter participado na conferência internacional sobre "percepção interdisciplinar da fraude e corrupção", na Faculdade Economia do Porto, explicou que neste caso a CMVM "tem obrigação" de esclarecer essas mesmas dúvidas, que surgiram através de notícias e comentários.

O responsável acrescentou que este pedido surge para conforto “dos investidores, daqueles que compram e vendem acções todos os dias no mercado".

"Todos os dias fazemos pedidos de informação a muitas sociedades, mas estes são mais mediáticos, talvez pela própria natureza das entidades em causa", referiu.

Carlos Tavares realçou ser "um procedimento normal pedir informações sobre contratos, sobretudo quanto têm relevância económica para as sociedades envolvidas, como é o caso" das SAD de Benfica e FC Porto.

Benfica e FC Porto comunicaram à CMVM que Witsel e Hulk foram vendidos, cada um, por 40 milhões de euros, mas algumas notícias posteriores levantaram dúvidas sobre os valores e os contornos exactos dos dois negócios.

"A nós só nos interessa aquilo que é a receita das próprias sociedades. A CMVM não pode substituir-se aos mecanismos desportivos em termos de transparência desportiva, ou seja, se há pagamentos para além daqueles que são recebidos pela própria sociedade. Isso não é uma matéria que nos diga respeito", esclareceu Carlos Tavares.

De acordo com o dirigente, a CMVM tem “de garantir é que aquilo que as SAD, neste caso do Benfica e do FC Porto, receberam é aquilo que está referido publicamente como tendo recebido”.

No caso de Hulk, o FC Porto comunicou ter recebido 40 milhões de euros líquidos por 85% do passe do brasileiro e o Zenit diz que pagou 40 milhões (sem precisar por que percentagem do passe), algo que não bate certo com as declarações públicas do empresário do jogador.

No dia em que o negócio foi feito, Teodoro Fonseca disse à Lusa que o negócio custaria 60 milhões de euros ao Zenit: o FC Porto receberia 40 milhões de euros, por 85%do passe do avançado, enquanto o montante restante é distribuído pelo fundo que detinha 15% (nove milhões) dos direitos desportivos, pela comissão de dez por cento por intermediação (seis milhões) e pelo fundo de solidariedade, equivalente a cinco por cento do valor global (três milhões). Segundo a mesma fonte, dos 60 milhões são, também, retirados valores de prémios desportivos a receber pelo jogador e pelo agente, uma verba a rondar os dois milhões de euros.

Quanto a Witsel, o Benfica comunicou à CMVM ter recebido 40 milhões de euros líquidos pela transferência do belga, mas o jornal "O Jogo" diz hoje que o clube da Luz encaixa apenas 29,5 milhões, cabendo quatro milhões ao empresário Jorge Mendes e 6,5 milhões a uma terceira parte, que tinha direito a 20% da mais-valia gerada pela transferência do belga.

Notícia actualizada às 15h22
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